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Antonina, Litoral do Paraná, Palestine
Petroleiro aposentado e petista no exílio, usuário dos óculos de pangloss, da gloriosa pomada belladona, da emulsão scott e das pílulas do doutor ross, considero o suflê de chuchu apenas vã tentativa de assar o ar e, erguido em retumbante sucesso físico, descobri que uma batata distraída não passa de um tubérculo desatento. Entre sinos bimbalhantes, pássaros pipilantes, vereadores esotéricos, profetas do passado e áulicos feitos na china, persigo o consenso alegórico e meus dias escorrem em relativo sossego. Comendo minhas goiabinhas regulamentares, busco a tranqüilidade siamesa e quero ser presidente por um dia para assim entender as aflições das camadas menos favorecidas pelas propinas democráticas.

domingo, 9 de abril de 2017

Golpistas descobrindo que Brasil é de esquerda na economia

Copiei do Blog da Cidadania

Pouco a pouco, os golpistas vão recuando e recuando e recuando nas tais “reformas” que foram recrutados para impor aos brasileiros. O golpe foi dado para isso, para tirar dos pobres o que Lula e Dilma deram e devolver aos ricos. Mas não estão conseguindo.

Para entender o que está acontecendo no país vamos nos debruçar rapidamente sobre seu problema mais terrível, a concentração de renda. O professor da área de finanças públicas da Universidade de Brasília (UnB), Roberto Bocaccio Piscitelli, vai nos explicar melhor a questão.

Ano passado, logo após o impeachment, ele apontou que o maior legado da gestão petista foi a ascensão de classes promovida pelas políticas dos governos petistas. No início do governo, o Índice de Gini, parâmetro internacional para medição de miséria, era de 0,589. Em 2014, fim do terceiro governo petista consecutivo, o índice caíra a 0,518.

A taxa varia de 0 a 1 e quanto mais próximo a 1, menos distribuição de renda há no país.

O gráfico abaixo mostra o processo inédito que ocorreu nesses 12 anos de governos petistas no país (2003 a 2014). Nesse período, houve a maior distribuição de renda da história. A renda de pobres e ricos se aproximou como jamais ocorrera na história brasileira. Confira o gráfico.
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Segundo Piscitelli, a política de valorização do salário mínimo, com aumento real, ou seja, acima da inflação, assegurou o crescimento de renda dos trabalhadores. “A valorização do salário mínimo assegurou o crescimento da renda dessas pessoas na base da pirâmide e elevou o salário dessa classe, que recebe até três salários mínimos.
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As reservas internacionais foram outro fator ressaltado pelos especialistas como ponto forte da gestão petista, que assume o país, em 2003, com um caixa de US$ 38 bilhões e o eleva a quase 400.
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As reservas, como se sabe, compõem uma espécie de poupança que blinda a economia, ao garantir que o país honrará seus compromissos com credores nacionais e estrangeiros, mesmo em situações de crise.

Com tudo isso, a taxa de desemprego no país se manteve cadente até que a crise política desorganizasse a economia, o que, na verdade, foi uma estratégia dos golpistas, desorganizarem a economia para colocarem a população contra o governo que, durante 12 anos, apoiou efusivamente.
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Outro ponto da gestão petista que a fez durar mais de uma década foi a melhora salarial. Durante praticamente todo o tempo os salários cresceram sem parar.
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Só interrompendo essa melhora de vida do trabalhador seria possível tirar o PT do poder. Para isso, foi engendrado um plano que literalmente destruiria a economia brasileira para que a população se revoltasse e autorizasse qualquer aventura que lhe fosse proposta para voltar a ter aquilo que foram os governos petistas que haviam lhe dado.

Porém, os golpistas foram com muita sede ao pode. Após o golpe, acharam que poderiam começar a reverter as conquistas populares da era petista com grande facilidade, devolvendo aos setores microscópicos e abastados da sociedade aquilo que lhes fora tirado para dar aos setores populares.

Afinal, para distribuir renda para muitos você tem que tirar dos poucos que a concentram. Foi tirado pouco dos ricos para dar aos pobres, mas houve que tirar. Não há como fazer um omelete sem quebrar os ovos.

Chega o governo ilegítimo de Michel Temer, produto de um impeachment fajuto, e começa, então, a tentar tirar do povo o que os governos petistas deram. O teto de gastos públicos acaba com o crescimento real do salário mínimo, com os programas sociais, com os gastos sociais todos.

Ou melhor, não acaba. Condena esses gastos a serem menores a cada ano, o que, por sua vez, condena os setores menos favorecidos da sociedade a irem piorando de vida ano após ano.

Em seguida, viria a parte mais difícil. O teto de gastos foi fácil de aprovar porque as pessoas não entendem direito o que foi feito, mas agora os golpistas queriam reduzir drasticamente os salários que tanto cresceram durante a era petista.

Tentaram aprovar uma reforma trabalhista que acabaria com direitos dos trabalhadores como FGTS, férias, 13º salário etc., mas o país estremeceu quando a sociedade ouviu essa proposta do governo que deixou que se instalasse achando que lhe devolveria o que ganhara do PT e a crise política estava tirando.

Surge uma ideia: terceirização. Contratar empregados por fora da CLT permitiria não acabar com direitos trabalhistas, mas evitando de pagá-los em um regime de contração que não dá direito algum ao contratado.

A terceirização generalizada, porém, é tão virulenta, tão nociva, promoverá uma desgraça tão completa na vida das pessoas que até a Justiça interveio.

Mas o Waterloo dos golpistas está sendo a reforma da Previdência. Qualquer estúpido entende o que são os entraves aos brasileiros se aposentarem.

Vendo a investida dos golpistas para lhe retirar direitos, os brasileiros começam a sentir o que pesquisa publicada pelo jornal Valor Econômico chamou de “saudade de Lula”. Com isso, os tucanos, que em um primeiro momento lucraram politicamente com o golpe, afundam nas pesquisas enquanto o ex-presidente petista se fortalece a cada nova sondagem.

Este Blog já dizia, quando o impeachment começou a se consolidar, que a melhor forma de ensinar o brasileiro a ser mais esperto seria deixar os golpistas assumirem e governarem, porque, sim, os brasileiros são conservadores, mas nos valores, não na economia.

Há amplos estudos que mostram que os brasileiros são conservadores em temas como aborto, homossexualidade, punibilidade de criminosos, mas são praticamente marxistas na economia.

Esses estudos mostram que, no Brasil, há amplo consenso da população de que devemos construir um abrangente Estado de bem-estar social, à imagem dos vigentes na Europa continental, como sistematizado na Constituição de 1988 e referendado em todos os pleitos eleitorais posteriores.

Eis por que Lula cresce nas pesquisas sem parar enquanto que os tucanos e peemedebistas despencam, porque eles vêm atuando para retirar direitos, “precarizar” o mercado de trabalho sem se dar conta de que os brasileiros, em maioria, rejeitam os valores de esquerda, mas amam os conceitos esquerdistas sobre economia.

O único direitista que está sabendo equilibrar o discurso é Jair Bolsonaro (PSC-RJ). Ele vem prometendo a violência social e o conservadorismo nos costumes que a maioria dos brasileiros aprecia, mas prometendo um Estado protetor, pródigo na distribuição de direitos e benefícios.

Claro que é uma falácia. Uma vez eleito, ele governaria com a direita exterminadora de direitos, neoliberal, e sob a influência direta dos Estados Unidos, autor intelectual dessa retirada de direitos.

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