SOBRE O BLOGUEIRO

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Antonina, Litoral do Paraná, Palestine
Petroleiro aposentado e petista no exílio, usuário dos óculos de pangloss, da gloriosa pomada belladona, da emulsão scott e das pílulas do doutor ross, considero o suflê de chuchu apenas vã tentativa de assar o ar e, erguido em retumbante sucesso físico, descobri que uma batata distraída não passa de um tubérculo desatento. Entre sinos bimbalhantes, pássaros pipilantes, vereadores esotéricos, profetas do passado e áulicos feitos na china, persigo o consenso alegórico e meus dias escorrem em relativo sossego. Comendo minhas goiabinhas regulamentares, busco a tranqüilidade siamesa e quero ser presidente por um dia para assim entender as aflições das camadas menos favorecidas pelas propinas democráticas.

quinta-feira, 27 de abril de 2017

Constatações inúteis sobre deuses no mundo e juízes brasileiros

No mundo, dizem, existem hoje cerca de 3.400 deuses e deusas sendo adorados, seguidos e cultuados, restando irrelevante a discussão sobre sua eventual existência ou utilidade.

No Brasil, entretanto, juízes de fato existem e são tão poderosos que decidiram que podem receber vencimentos maiores que o teto constitucional.

Ficamos assim, pois: no panteão das inutilidades, deuses e deusas perfeitamente descartáveis.

No panteão do único poder imune a qualquer tipo de controle, jaguaras togados que não podemos descartar.

sexta-feira, 21 de abril de 2017

German Martins: Mulher dos cabelos enrolados

Eis o primeiro poema de German Martins, neto inoxidável, bem do jeito que ele escreveu e compartilhou.
O avô aqui, poeta das incompetências, saúda o novo bardo, por sua coragem de publicar-se e desnudar-se.
Amo você, German. 

---xxx---

"mulher dos cabelos enrolados" primeira poesia me deixou empolgado e trêmulo


As vezes minha alma grita em um tom desesperado para não amar
Mas o coração não se adaptou a essa rotina
Como uma criança que começou o estudo de manhã
Eu tento me controlar
Te controlar
Mas eu não sou quem tem esse poder
Você é sua, somente sua
Talvez esteja com alguém no futuro
Mas esse alguém não sou eu
Corra, mulher dos cabelos enrolados
Corra enquanto é livre
Despedaça-te coração desajustado

German Martins, 21/04//2017

Dez verdades e nenhuma mentira

Copiei do FB de Marcelo Feller

10 (tristes) verdades e nenhuma mentira (diferentão), em especial para aqueles que confiam cegamente em nosso sistema judicial:

1- Já cheguei numa delegacia e vi a mãe de um foragido presa e algemada. A justificativa era a de que ou ele se apresentava, ou "fritavam" a senhora. Ele era investigado pela tentativa de homicídio de um policial.

2 - um cliente meu foi acusado de cometer um crime na frente de uma agência bancária, cheia de câmeras. Ele me jurou inocência da acusação. Pedi as câmeras para o juiz. Ele negou, dizendo que não tinha necessidade porque a vítima tinha reconhecido ele. Quando consegui reverter a decisão no tribunal, as imagens já tinham sido apagadas. Ele condenou meu cliente porque a defesa não conseguiu infirmar a prova acusatória.

3 - No TJ da Bahia assisti um advogado desesperado, pedindo que o tribunal permitisse que fosse feito exame de DNA em caso de estupro. O cliente dele se dizia inocente, e o semen do estuprador havia sido coletado da vítima. O tribunal negou, dizendo que a vítima já tinha reconhecido ele e, portanto, a prova era protelatória.

4 - Estava em uma audiência quando uma outra advogada, defendendo outra pessoa, pediu que a audiência não se realizasse porque até aquele momento, da própria audiência, a defesa que ela tinha feito, cheia de pedidos de provas, não tinha sido analisada. Pedido feito educadamente e com fundamento. A juíza olhou pra ela com desprezo e disse: "Dra., aqui não. Não admito advocacia de baixo nível na minha vara". Me ofereci para representar contra a juíza em nome da advogada, mas ela não quis por medo de retaliação em outros processos.

5 - vi um promotor fazer a uma testemunha uma pergunta que obviamente a incriminava, se a resposta fosse afirmativa. Pedi que a juíza advertisse a testemunha que ela não tinha o compromisso de dizer a verdade sobre fatos que pudessem incrimina-la. O promotor gritou que eu estava defendendo a testemunha. A juíza não advertiu e refez a pergunta. A testemunha respondeu que sim. E o promotor requereu a extração de cópias para a instauração de inquérito contra a testemunha e a juíza concordou.

6 - já vi juiz dizer que o réu ficou em silêncio. E que isso não é postura de um inocente. E que não era o silêncio que o incriminava, mas a postura de não responder a acusação. Condenou nesses termos, rasgando o que diz a Constituição e a Lei.

7 - já ouvi numa audiência envolvendo um menor de idade, que estava "preso", que se ele confessasse era solto no mesmo dia e o processo terminava. E que se resolvesse provar sua inocência o faria preso. Ouvi do juiz com o promotor na sala.

8 - no interrogatório de uma cliente, acusada de mais de 30 crimes em continuidade, comecei a fazer perguntas relacionadas, individual e especificamente, a cada um dos crimes. Depois de meia hora perguntando, a juíza olha pra mim e pergunta se eu perguntaria sobre todos os crimes. Eu disse que sim. Ela disse, então, que a partir dali todas minhas futuras perguntas estavam indeferidas. Condenou pelos mais de 30, sem enfrentar nenhum dos meus argumentos. De baciada mesmo!

9 - depois de ganhar, no STF, uma liminar no dia 21 de dezembro pra soltar um cliente, ouvi de um diretor de presídio que como era fim de ano, só havia funcionário pra prender, não pra soltar. Que meu cliente seria solto no começo de janeiro. Só soltou depois que fiz uma peticao no plantão pedindo a prisão do diretor, de acordo com o Código de Processo Penal, e o juiz solicitou informações. Solto só depois do natal, mais de 5 dias depois de ter a liberdade determinada por ministro do supremo.

10 - eu pesava 130kg e era amigo de um determinado juiz. Ele era duro nos meus casos, mas sempre me tratava muito bem. Depois que emagreci, fui fazer uma audiência com ele em Carta Precatória. Me tratou absurdamente mal, a ponto de eu achar que tinha feito alguma coisa de errado e não tinha percebido. Acabada a audiência, reservadamente, perguntei a ele o que tinha acontecido. Ele sorriu amarelo e disse que não tinha me reconhecido. Que se soubesse que era eu não teria me tratado daquele jeito.

Confissão de um terrorista

Copiei do Carcará 

Por Mahmud Darwish 

Ocuparam minha pátria
Expulsaram o meu povo
Anularam minha identidade
E me chamaram de terrorista

Confiscaram minha propriedade
Arrancaram meu pomar
Demoliram minha casa
E me chamaram de terrorista

Legislaram leis fascistas
Praticaram odiada apartheid
Destruíram
Dividiram
Humilharam
E me chamaram de terrorista

Assassinaram minhas alegrias
Sequestraram minhas esperanças
Algemaram meus sonhos
Quando recusei todas as barbáries
Eles... mataram um terrorista

quarta-feira, 19 de abril de 2017

Calmar foutté (Lula batida)

Copiei do FB de Emilio Galhardo Filho
RECEITA: CALMAR FOUTTÉ (Lula batida).

- Pegue a Lula e bata. Faça uma pesquisa para medir o tamanho da Lula. Era pra diminuir, mas ela cresceu.

- Encontre um delegado, promotor ou juiz que lance alguma tênue suspeita sobre a Lula. Bata agora tudo junto num Globo platinado durante uma semana. Faça nova pesquisa e meça o tamanho da Lula. Cresceu mais, porra!

- Empane a Lula com farinha, sal e sauternes e trace linhas pretas horizontais com tinta de polvo (chama-se Pichulec, na França). Saia à rua sacolejando o Pichuec para a população ver. Vai medir a Lula e ela não encolheu, ao contrário.

- Numa região agrícola do país, encontre um juiz de piso e suplique para prender a Lula numa grelha. Bata a grelha contra a parede, a pia, o piso, o teto... Calma, você está se descontrolando.
Volte ao início e recomece o processo.

segunda-feira, 17 de abril de 2017

Caso Odebrecht: Por que voltam a atacar Lula e sua biografia

Copiei de Lula
  

O ex-presidente Lula está mais uma vez no centro de intenso bombardeio midiático. Na liderança do ataque, o Jornal Nacional da Rede Globo divulgou 40 minutos de noticiário negativo em apenas 4 edições. Como vem ocorrendo há mais de dois anos, Lula é alvo de acusações frívolas e ilações que, apesar da virulência dos acusadores, não apontam qualquer conduta ilegal ou amparada em provas. Desta vez, no entanto, além de tentar incriminar Lula à força, há um esforço deliberado de reescrever a biografia do maior líder popular da história do Brasil.

Os depoimentos negociados pelos donos e executivos da Odebrecht – em troca da redução de penas pelos crimes que confessaram – estão sendo manipulados para falsificar a história do governo Lula. Insistem em tratar como crime, ou favorecimento, políticas públicas de governo voltadas para o desenvolvimento do país e aprovadas pela população em quatro eleições presidenciais.

São políticas públicas transparentes que beneficiaram o Brasil como um todo – não apenas esta ou aquela empresa – como a adoção de conteúdo nacional nas compras da Petrobras, a construção de usinas e integração do sistema elétrico, o financiamento da agricultura, o apoio às regiões Norte e Nordeste, a ampliação do crédito a valorização do salário e as transferências de renda que promoveram o consumo e dinamizaram a economia, multiplicando por quatro o PIB do país.

Estas políticas não foram adotadas em troca de supostos benefícios pessoais, como querem os falsificadores da história. Elas resultaram do compromisso do ex-presidente Lula de proporcionar uma vida mais digna a milhões de brasileiros.

Por isso Lula deixou o governo com 87% de aprovação e é apontado pela grade maioria como o melhor presidente de todos os tempos. É contra esse reconhecimento popular que tentam criar um falso Lula, apelando para o preconceito e até para supostas opiniões de quem chefiou a ditadura, de quem mandou prender Lula por lutar pela democracia e pelos direitos dos trabalhadores.

No verdadeiro frenesi provocado pela edição dos depoimentos da Odebrecht, é preciso lembrar que estes e outros delatores da Lava Jato foram pressionados a apresentar versões que comprometessem Lula. Mas tudo o que apresentaram, antes e agora, são ilações sem provas.

E é preciso lembrar também que essa teia de mentiras está sendo lançada contra Lula às vésperas do julgamento de uma ação na Vara da Lava Jato que pretende condená-lo não apenas sem provas, mas contra todas as provas testemunhais e documentais de sua inocência.

E lembrar ainda que o novo bombardeio de mídia foi deflagrado no momento em que, mesmo não sendo candidato, Lula é apontado crescentemente nas pesquisas como o favorito para as eleições presidenciais.

Por tudo isso, é necessário analisar cada uma das ilações apresentadas, para desfazer cada fio dessa a teia de mentiras.

Há algum ato ilegal de Lula relatado na delação da Odebrecht?

Não há. Delações não são provas, mas informações prestadas por réus confessos que apenas podem dar origem a uma investigação. A legislação brasileira proíbe expressamente condenações baseadas somente em delações, negociadas em troca da obtenção de benefícios penais por réus confessos. As delações devem ser investigadas e os depoimentos de delatores expostos ao questionamento dos advogados de defesa. Por enquanto, o que existe, são depoimentos feitos aos procuradores, a acusação, divulgados de forma espetacular antes dos advogados terem acesso a eles. 

No passado, depoimentos divulgados de forma semelhante - como os de Paulo Roberto da Costa, Nestor Cerveró e Delcídio do Amaral - quando confrontados com depoimentos em juízo dos mesmos colaboradores não revelaram qualquer crime ou prova contra o ex-presidente Lula.

É parte da estratégia de lawfare e uso da opinião pública da Lava Jato, teorizada por Sérgio Moro em artigo de 2004, "deslegitimar o sistema político" usando a mídia, e destruir a imagem pública dos seus alvos para substituir o devido processo legal pela difamação midiática.

Sítio em Atibaia

Há mais de um ano a Lava Jato investiga um sítio no interior de São Paulo. Os proprietários do sítio, que não é do ex-presidente Lula, já provaram a propriedade e a origem dos recursos para a compra do sítio. Mesmo o relato de Emílio Odebrecht e Alexandrino Alencar indicam que eles desconhecem de quem é a propriedade, além do que ouviram em boatos, e de que a reforma de tal sítio seria uma surpresa para o ex-presidente, dentro de uma ação que não o envolveu em uma propriedade que não é sua. É estranho nesse contexto que Emílio Odebrecht diga que na véspera do fim do mandato tenha "avisado" Lula da obra. E é inadmissível que o silêncio de Lula, diante do suposto aviso, seja interpretado como evidência. O sítio não é do ex-presidente, não há nenhum ato dele em relação ao sítio, nem vantagem indevida, patrimônio oculto ou contrapartida.

"Terreno"  e doações ao Instituto Lula

Como já foi repetido várias vezes e comprovado nos depoimentos e documentos, o Instituto Lula jamais recebeu qualquer terreno da Odebrecht. Ele funciona em um sobrado adquirido em 1991. O tal terreno foi recusado. E foi recusado porque sequer havia sido solicitado pelo Instituto ou por Lula. É prova do lawfare e perseguição a Lula que um terreno recusado seja objeto de uma ação penal.

O Instituto recebeu doações de dezenas de empresas e indivíduos diferentes. Todas registradas. As doações da Odebrecht não representam nem 15% do valor total arrecadado pelo Instituto antes do início de uma perseguição judicial. Todas as doações foram encaminhadas por meio de diretores com o devido registro fiscal. Jamais houve envolvimento de Antonio Palocci ou de qualquer intermediário nos pedidos de doação ao Instituto. Os depoimentos de delatores Alexandrino Alencar e Marcelo Odebrecht inclusive se contradizem sobre esse assunto.

“Conta amigo”, os milhões virtuais que Lula nunca recebeu

Esta é a mais absurda de todas as ilações no depoimento de Marcelo Odebrecht. Ele disse que Lula teria uma "conta corrente" na empresa. Ora diz que essa conta seria de 35 milhões, ora seria de 40 milhões, mas ressalva que jamais conversou com Lula sobre essa conta. Narra uma confusa movimentação de saída e entrada de recursos, citando a compra de um terreno (depois devolvido), uma doação ao Instituto Lula e supostas entregas em dinheiro vivo a Branislav Kontic, totalizando R$ 13 milhões. Diz ainda que parte da reserva continuou na tal conta.

Se for verdadeiro o depoimento, Marcelo Odebrecht teria feito, na verdade, um aprovisionamento em sua contabilidade para eventuais e futuros transferências ou pagamentos. Isso é muito diferente de dizer que havia uma “conta Lula” na Odebrecht, como reproduzem as manchetes levianas. A ser verdadeira, trata-se, como está claro, de uma decisão interna da empresa. Uma “conta” meramente virtual, que nunca foi transferida, nem no todo nem em parte, que nunca se materializou em benefícios diretos ou indiretos para Lula.

O fato é que Lula nunca pediu, autorizou ou sequer teve conhecimento do suposto aprovisionamento.

As três supostas evidências apresentadas sobre a conta virtual desmoronam diante da realidade, a saber: a) o terreno comprado supostamente para o Instituto Lula nunca foi entregue, porque nunca foi pedido por quem de direito; b) as doações da Odebrecht para o Instituto Lula foram feitas às claras, em valores contabilizados na origem e no destino, e informadas à Receita Federal, em transação transparente; c) a defesa de Branislav Kontic negou, em nota ao Jornal Nacional, que seu cliente tenha praticado as ações citadas pelos delatores.

Todos os sigilos de Lula e sua família - bancários, fiscal, telefônico - foram quebrados. O Ministério Público sabe a origem de todos os recursos recebidos por Lula, o destino de cada centavo ganho pelo ex-presidente com palestras e que Lula vive em um apartamento em São Bernardo do Campo desde a década de 1990. Onde estão os R$ 40 milhões?

Palestras

Após deixar a presidência da República, com aprovação de 87% e reconhecimento mundial, Lula fez 72 palestras para mais de 40 empresas. Entre elas Pirelli, Itaú e Infoglobo. Em todas as palestras foram cobrados os mesmos valores. Todas foram realizadas, e a comprovação de tudo relacionado as palestras já está na mão do Ministério Público do Distrito Federal e do Paraná. A imprensa deu a entender que a Odebrecht teria "inventado" essas palestras. Isso não foi dito de forma alguma mesmo nos depoimentos, que indicaram que as palestras eram lícitas e legítimas. E a Odebercht não foi a primeira empresa, nem a segunda, nem a terceira a contratar palestras de Lula. Microsoft, LG e Ambev, por exemplo, contrataram palestras pelos mesmos valores ANTES da Odebrecht. Segue a relação completa de paletsras entre 2011 e 2015 (aqui).

A legislação brasileira não impede que ex-presidentes deem palestras. Não impediria que eles fossem diretores de empresa, o que Lula nunca foi. 

Ajuda ao filho

Após deixar a presidência Lula não é mais funcionário público. Mesmo considerando real o relato de delatores que precisam de provas, Emílio Odebrecht e Alexandrino Alencar relatam que a ajuda para o filho de Lula iniciar um campeonato de futebol americano foi voluntária e após diversas conversas e análises do projeto. A expressão inserida em depoimento de "contrapartida"  de melhorar as relações entre Dilma e Marcelo Odebrecht  é genérica e de novo, mesmo que fosse real, não incide em nenhuma infração penal. Em 2011, anos dos relatos, Lula não ocupava nenhuma função pública. 

A liga de futebol americano existiu e não teve a participação ou sequer o acompanhamento de Lula. Os filhos do ex-presidente são vítimas há anos de boatos na internet de que seriam bilionários. Tiveram suas contas quebradas e atividades analisadas. E não são nem bilionários, nem donos de fazendas ou da Friboi.            

Frei Chico

De novo, mesmo considerando o relato dos delatores, que necessitam de provas, eventual relação entre a Odebrecht e o irmão de Lula eram relações privadas. Lula não tem tutela sobre seu irmão mais velho e não solicitou ajuda a ele, nem cuidava de sua vida. Não há relato de infração, nem de contrapartida, nem de que tenha sido o ex-presidente que tenha solicitado qualquer ajuda ao irmão.

Carta Capital

A breve menção a revista indica que Lula falou para Emílio Odebrecht ver o que poderia fazer e se poderia fazer algo para ajudar a revista, novamente após ter deixado a presidência da República. A relação entre dois outros entes privados  (Carta Capital e Odebrecht) não tem qualquer contato com Lula a partir disso e o pedido de verificação se poderiam anunciar na revista não implica em nenhum ilícito. Os executivos da Odebrecht mencionaram que o grupo prestou ajuda a diversos outros veículos de imprensa, podendo ser citado como exemplo o jornal O Estado de S.Paulo.

Angola

O depoimento de Emílio Odebrecht indica que os serviços contratados da empresa Exergia, para prestar serviços em Angola, foram efetivamente prestados. A Exergia tem como um dos seus sócios Taiguara dos Santos, filho do irmão da primeira esposa de Lula. Se posteriormente a queda de serviços em Angola houve um adiantamento de recursos entre as duas partes privadas, ele não teve qualquer envolvimento do já ex-presidente, nem isso é mencionado nos depoimentos. Lula jamais recebeu qualquer recurso da empresa Exergia ou de Taiguara, e isso já foi objeto de investigação da Polícia Federal, que não achou nenhum recurso dessa empresa nas contas de Lula.

Esse caso já é analisado em uma ação penal na Justiça Federal de Brasília. Comprovando-se a verdade dos depoimentos dos delatores, a tese da ação penal se mostra improcedente, a acusação de que não houve prestação de serviços e que eles seriam algum tipo de propina ou lavagem cai por terra. Ou seja, nesse caso os depoimentos não só não indicam qualquer crime como inocentam Lula nessa ação penal.

Doações eleitorais

O depoimento de Emílio Odebrecht é explícito ao dizer que nunca discutiu valores ou forma de doações eleitorais com o ex-presidente Lula. Lula não cuidava das finanças de campanha ou partidárias.

O PT e o ex-presidente sempre defenderam o fim de qualquer financiamento privado de campanhas eleitorais. Mas o Supremo Tribunal Federal só determinou o fim de contribuição de pessoas jurídicas em 2015.

O ex-presidente nunca autorizou ninguém a pedir doações de qualquer tipo em contrapartida de atos governamentais de qualquer tipo.

Estádio do Corinthians

Mesmo tomando como verdade os relatos de delatores, não há nenhum ato ilegal relatado do ex-presidente em relação ao Estádio Privado do Sport Club Corinthians. Em 2011 havia o risco de São Paulo ficar fora da Copa do Mundo. O ex-presidente sempre defendeu o uso do Estádio do Morumbi, como registrou publicamente o falecido presidente do São Paulo, Juvenal Juvêncio, mas em 2011 esse estádio foi vetado pela FIFA.O estádio do Corinthians de fato era um projeto menor. Com a possibilidade de sediar a abertura da Copa, o Corinthians construiu um estádio maior. O estádio, e isso é óbvio, não é do Lula, mas do Corinthians. Não só tem público lotado constantemente como a Rede Globo, empresa privada com fins lucrativos, já até usou o estádio vazio como estúdio dos seus programas de TV. 

Lula e a presidência

Lula é considerado em todas as pesquisas o melhor presidente brasileiro de todos os tempos, mesmo com a intensa campanha midiática contra ele. Lula também é o único presidente da história da República de origem na classe trabalhadora, nascido na miséria do sertão nordestino, migrante criado pela mãe. O único que superou todas essas condições adversas para ser o presidente que mais elevou o nome do Brasil no mundo.

Lula sempre agiu dentro da lei e a favor do Brasil antes, durante e depois da presidência, quando voltou para o mesmo apartamento que residia em São Bernardo do Campo antes de ir para Brasília.

Não foi só a Odebrecht que cresceu durante o governo Lula. A grande maioria das empresas brasileiras, pequenas, médias e grandes, cresceram no período. Milhões de empregos foram gerados e a pobreza e fome reduzidas de forma inédita no país. Foi todo o Brasil que cresceu no período de maior prosperidade econômica da democracia brasileira.

É hora de perguntar a quem interessa destruir Lula, quando o ex-presidente se posiciona contra o fim dos direitos trabalhistas e previdenciários. A quem interessa destruir Lula, quando o patrimônio brasileiro - reservas minerais na Amazônia, o pré-sal, estatais - são colocados a venda a preço de banana? A quem interessa reescrever a biografia do maior líder popular do país?

sábado, 15 de abril de 2017

A implosão do sistema político como meta

Copiei do Blog do Miro

Por Jeferson Miola

A abertura do sigilo das investigações da Lava Jato tem o efeito bombástico de implodir o sistema político. Num sistema derrocado, nada fica em pé, nem mesmo a candidatura Lula.

Esta medida extremada não parece ser o desfecho original idealizado para a Lava Jato, mas pode significar a alternativa restante para evitar o retorno do Lula à presidência do Brasil.

É cada vez mais claro que Lula e o PT sempre foram os alvos estratégicos da Lava Jato. Os estrategistas da Operação apostavam que o golpe causaria a derrocada do PT e a destruição simbólica do ex-presidente Lula no imaginário popular. Não foi, porém, o que aconteceu.

Com o aprofundamento do golpe, Lula se consolidou como o único personagem, de dentro do sistema político, com viabilidade eleitoral e, sobretudo, com autoridade moral e política para pacificar o país e comandar a reconstrução econômico-social e a restauração democrática do Brasil.

Afora Lula, só restam opções por fora do sistema político tradicional; restam os outsiders, os aventureiros, os demagogos populistas; um Sílvio Berlusconi da Lava Jato – alguém, por exemplo, como o prefeito paulistano João Dória.

A abrangência e o caráter sistêmico da corrupção que abastece o sistema político exige uma reforma política radical, que tenha como pontos de partida [1] o fim do financiamento empresarial da política, das eleições e dos partidos e [2] a eliminação da esquizofrenia em que um presidente eleito com 60% dos votos tenha menos de 15% de representação no Congresso.

A força-tarefa da Lava Jato, todavia, descarta a reforma política necessária, porque entende que o sistema deve ser totalmente implodido para dar lugar ao nascimento de novas estruturas, de novas instituições e de políticos puros, limpos, honestos e probos como eles, os juízes, procuradores, os “gestores”, os “não-políticos”, os pregadores, os “joãos trabalhadores”...

A divulgação da vasta corrupção dos partidos do bloco golpista, em especial do PMDB, PP e PSDB, causa a falsa aparência de imparcialidade da Lava Jato, porque finalmente teria deixado de ser seletiva nos vazamentos e nas denúncias. Esta falsa aparência é requintada com a citação de todos ex-presidentes da República.

Mas na realidade, é apenas um simulacro de justiça e isenção; é uma falácia para seduzir o senso comum e, ao mesmo tempo, servir de álibi para o arbítrio preparado contra o ex-presidente Lula.

Os expoentes políticos da direita, numerosos, foram todos protegidos com o foro privilegiado e, por isso, dificilmente serão julgados antes de 2022. Os principais candidatos golpistas à eleição presidencial [Alckmin, Aécio e Serra], que já exibiam desempenho ridículo nas pesquisas, ficaram definitivamente inviabilizados com a revelação da roubalheira em que estão envolvidos.

Por outro lado, os ex-ministros dos governos petistas, e, notavelmente, o ex-presidente Lula – a jóia da coroa da Operação – serão julgados ainda em 2017 com celeridade e arbítrio por um juiz faccioso, dominado por sentimentos odiosos e fascistas.

O derrocamento do sistema político pode representar a estratégia da força-tarefa para impedir o regresso do Lula à presidência do Brasil, ao preço do estilhaçamento do país no precipício.

domingo, 9 de abril de 2017

Sobre a "roubalheira" do PT

Copiei do FB de Leandro Nunes

Eu ainda não vi um petista detido, acusado ou com contas descobertas na Suíça ou qualquer outro paraíso fiscal. Na série de prisões de políticos e nas apreensões espetaculosas de bens ocorridas nos últimos anos, não se viu um carro de luxo, jóias, não se viu uma condução coercitiva realizada de alguma mansão suntuosa de políticos ou dirigentes petistas. Pelo contrário, o que ficou registrado das residências, por exemplo, do José Dirceu e do José Genoíno em SP e do próprio Lula em São Bernardo do Campo são casas ou apartamentos até simples perto do que pessoas que ocuparam seus cargos poderiam ter. Mesmo o tal tríplex no Guarujá e o sítio em Atibaia, que tanto se contorcem para atribuir a Lula sua propriedade, e mesmo que fossem, não são castelos nem mansões, são de certa maneira simples também, (em se tratando de um tríplex em Guarujá, nem se compara por exemplo com o dos Marinho em Paraty, em luxo ou na localização), imóveis e locais dignos de serem "zoados" pelo Eduardo Pais, Paulo Maluf dentre outros que "entendem do assunto".
Na lista de políticos cassados pelo TSE ou inelegíveis pelo "Ficha Limpa" o PT não está nem perto de encabeçá-la, nem em números absolutos e menos ainda em média. Esta é encabeçada mesmo por PMDB e PSDB, os partidos do golpe. Partidos muito menores como PP possuem mais políticos cassados ou tornados inelegíveis em números absolutos que o próprio PT. Ora essa, se roubaram tanto, para onde foi este dinheiro? Tem algo errado aí e a conta não fecha. Este discurso de "corrupção" e "roubalheira" foi usado outras vezes na história e sempre da mesma forma e com os mesmos fins, sempre contra líderes e governos populares que desagradavam a elite nacional. Foi assim contra Vargas, João Goulart e até mesmo contra JK, que inclusive atribuíram-lhe a propriedade de um apartamento que na verdade não era seu (alguma semelhança com os dias de hoje?). Passado o tempo, assentada a história, o que tem-se hoje para acusar Getúlio, Jango e JK de corrupção? NADA!
Em finais dos anos 80 o PT tinha um discurso de rompimento com a ordem política e econômica vigente, um discurso de certa forma radical e que também se pautava por um viés moralista, que o mantinha distante das relações com empresários e financiamentos empresariais de campanha. Acontece que em fins da década de 80 e início da de 90 o PT percebeu que para vencer eleições e disputar de fato o poder do país era preciso mudar isto, e foi tornando menos radical o seu discurso e se aproximando do setor privado, aquele que financiava as campanhas. O PT descobriu que para ganhar o jogo era preciso jogar o jogo. Isso culminou com a eleição de Lula em 2002, cujo seu vice, José de Alencar foi escolhido justamente de modo a fazer a ponte com os empresários (digo aqui não a ponte no sentido de corrupção ou caixa 2, mas no sentido de construção política com o setor).
Não estou dizendo aqui que políticos petistas não "roubaram", apesar que este termo é complicado de ser usado em um país onde a polícia não pode sequer entrar de greve que todos viram ladrões, como aconteceu no Espírito Santo. A maioria destes políticos e dirigentes petistas que hoje foram presos, e diga-se de passagem, sem provas, em julgamentos parciais, espetacularizados pela mídia e conduzidos em clima de histeria nacional, estes são velhos militantes, da luta contra a Ditadura ou oriundos de sindicatos e movimentos sociais. São pessoas que guardam o mínimo de utopia em sua trajetória e que cujo crime mesmo foi o de jogar o jogo, que é feito sob medida para que os vencedores sejam aqueles que o sistema quer. Como diz Maquiavel, "aos meus amigos tudo, aos meus inimigos a lei". Aécio Neves e as cúpulas do PSDB e PMDB, não somente soltas, como governando o país é a prova disso.
Outro aspecto disso tudo é que o poder lida com dinheiro, e atrai quem está em busca dele. Esses anos com o PT em ascensão e na presidência do país atraiu muito picareta e vigarista para o seio não somente do PT como também dos partidos mais próximos. O Delcídio do Amaral é um caso clássico, um cara que era do PSDB, jogava com o governo FHC e de repente, de uma hora para outra, muda de partido. Exemplos parecidos e de menor escala ocorreram nos níveis estaduais e municipais, pessoas da elite de municípios, pequenos empresários, médicos, donos de comércio, pessoas mais ricas de municípios pequenos e pobres foram para o PT simplesmente por oportunismo. Ainda assim o PT tinha e tem um controle maior, seja ideológico, seja financeiro e pragmático do seus quadros e de suas ações, mesmo em pequenos municípios do que os outros partidos. Um prefeito qualquer de cidade pequena filiado ao PSDB, o partido não quer nem saber do que ele faz lá e como faz, só quer saber dos votos de lá para deputado, senador, governador, etc. No PT tem-se o mínimo de cobrança, de comprometimento com a pauta popular e do partido.
O erro do PT foi o de jogar um jogo do qual ele não participava da criação das regras, um jogo onde as regras poderiam ser mudadas a qualquer momento, e contra ele. E assim ocorreu. O problema do PT, como diz o Leonardo Stoppa, é que ele enche o saco das elites, da burguesia nacional e do capital financeiro internacional, e por isso, contra ele foram usadas todas as armas de propaganda e jurídicas de modo a destruir sua utopia e seu legado. Não conseguiram, e não conseguirão.

Golpistas descobrindo que Brasil é de esquerda na economia

Copiei do Blog da Cidadania

Pouco a pouco, os golpistas vão recuando e recuando e recuando nas tais “reformas” que foram recrutados para impor aos brasileiros. O golpe foi dado para isso, para tirar dos pobres o que Lula e Dilma deram e devolver aos ricos. Mas não estão conseguindo.

Para entender o que está acontecendo no país vamos nos debruçar rapidamente sobre seu problema mais terrível, a concentração de renda. O professor da área de finanças públicas da Universidade de Brasília (UnB), Roberto Bocaccio Piscitelli, vai nos explicar melhor a questão.

Ano passado, logo após o impeachment, ele apontou que o maior legado da gestão petista foi a ascensão de classes promovida pelas políticas dos governos petistas. No início do governo, o Índice de Gini, parâmetro internacional para medição de miséria, era de 0,589. Em 2014, fim do terceiro governo petista consecutivo, o índice caíra a 0,518.

A taxa varia de 0 a 1 e quanto mais próximo a 1, menos distribuição de renda há no país.

O gráfico abaixo mostra o processo inédito que ocorreu nesses 12 anos de governos petistas no país (2003 a 2014). Nesse período, houve a maior distribuição de renda da história. A renda de pobres e ricos se aproximou como jamais ocorrera na história brasileira. Confira o gráfico.
economia 1 
Segundo Piscitelli, a política de valorização do salário mínimo, com aumento real, ou seja, acima da inflação, assegurou o crescimento de renda dos trabalhadores. “A valorização do salário mínimo assegurou o crescimento da renda dessas pessoas na base da pirâmide e elevou o salário dessa classe, que recebe até três salários mínimos.
economia 2 

As reservas internacionais foram outro fator ressaltado pelos especialistas como ponto forte da gestão petista, que assume o país, em 2003, com um caixa de US$ 38 bilhões e o eleva a quase 400.
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As reservas, como se sabe, compõem uma espécie de poupança que blinda a economia, ao garantir que o país honrará seus compromissos com credores nacionais e estrangeiros, mesmo em situações de crise.

Com tudo isso, a taxa de desemprego no país se manteve cadente até que a crise política desorganizasse a economia, o que, na verdade, foi uma estratégia dos golpistas, desorganizarem a economia para colocarem a população contra o governo que, durante 12 anos, apoiou efusivamente.
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Outro ponto da gestão petista que a fez durar mais de uma década foi a melhora salarial. Durante praticamente todo o tempo os salários cresceram sem parar.
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Só interrompendo essa melhora de vida do trabalhador seria possível tirar o PT do poder. Para isso, foi engendrado um plano que literalmente destruiria a economia brasileira para que a população se revoltasse e autorizasse qualquer aventura que lhe fosse proposta para voltar a ter aquilo que foram os governos petistas que haviam lhe dado.

Porém, os golpistas foram com muita sede ao pode. Após o golpe, acharam que poderiam começar a reverter as conquistas populares da era petista com grande facilidade, devolvendo aos setores microscópicos e abastados da sociedade aquilo que lhes fora tirado para dar aos setores populares.

Afinal, para distribuir renda para muitos você tem que tirar dos poucos que a concentram. Foi tirado pouco dos ricos para dar aos pobres, mas houve que tirar. Não há como fazer um omelete sem quebrar os ovos.

Chega o governo ilegítimo de Michel Temer, produto de um impeachment fajuto, e começa, então, a tentar tirar do povo o que os governos petistas deram. O teto de gastos públicos acaba com o crescimento real do salário mínimo, com os programas sociais, com os gastos sociais todos.

Ou melhor, não acaba. Condena esses gastos a serem menores a cada ano, o que, por sua vez, condena os setores menos favorecidos da sociedade a irem piorando de vida ano após ano.

Em seguida, viria a parte mais difícil. O teto de gastos foi fácil de aprovar porque as pessoas não entendem direito o que foi feito, mas agora os golpistas queriam reduzir drasticamente os salários que tanto cresceram durante a era petista.

Tentaram aprovar uma reforma trabalhista que acabaria com direitos dos trabalhadores como FGTS, férias, 13º salário etc., mas o país estremeceu quando a sociedade ouviu essa proposta do governo que deixou que se instalasse achando que lhe devolveria o que ganhara do PT e a crise política estava tirando.

Surge uma ideia: terceirização. Contratar empregados por fora da CLT permitiria não acabar com direitos trabalhistas, mas evitando de pagá-los em um regime de contração que não dá direito algum ao contratado.

A terceirização generalizada, porém, é tão virulenta, tão nociva, promoverá uma desgraça tão completa na vida das pessoas que até a Justiça interveio.

Mas o Waterloo dos golpistas está sendo a reforma da Previdência. Qualquer estúpido entende o que são os entraves aos brasileiros se aposentarem.

Vendo a investida dos golpistas para lhe retirar direitos, os brasileiros começam a sentir o que pesquisa publicada pelo jornal Valor Econômico chamou de “saudade de Lula”. Com isso, os tucanos, que em um primeiro momento lucraram politicamente com o golpe, afundam nas pesquisas enquanto o ex-presidente petista se fortalece a cada nova sondagem.

Este Blog já dizia, quando o impeachment começou a se consolidar, que a melhor forma de ensinar o brasileiro a ser mais esperto seria deixar os golpistas assumirem e governarem, porque, sim, os brasileiros são conservadores, mas nos valores, não na economia.

Há amplos estudos que mostram que os brasileiros são conservadores em temas como aborto, homossexualidade, punibilidade de criminosos, mas são praticamente marxistas na economia.

Esses estudos mostram que, no Brasil, há amplo consenso da população de que devemos construir um abrangente Estado de bem-estar social, à imagem dos vigentes na Europa continental, como sistematizado na Constituição de 1988 e referendado em todos os pleitos eleitorais posteriores.

Eis por que Lula cresce nas pesquisas sem parar enquanto que os tucanos e peemedebistas despencam, porque eles vêm atuando para retirar direitos, “precarizar” o mercado de trabalho sem se dar conta de que os brasileiros, em maioria, rejeitam os valores de esquerda, mas amam os conceitos esquerdistas sobre economia.

O único direitista que está sabendo equilibrar o discurso é Jair Bolsonaro (PSC-RJ). Ele vem prometendo a violência social e o conservadorismo nos costumes que a maioria dos brasileiros aprecia, mas prometendo um Estado protetor, pródigo na distribuição de direitos e benefícios.

Claro que é uma falácia. Uma vez eleito, ele governaria com a direita exterminadora de direitos, neoliberal, e sob a influência direta dos Estados Unidos, autor intelectual dessa retirada de direitos.

sexta-feira, 7 de abril de 2017

Sou um bosta de um lulo-petista

Aqui e ali, vozes vigorosas da esquerda virginal nos alertam para os perigos do lulismo, essa chaga brasileira e popular e, portanto, inaceitável pelas teorias tão descoladas, tão cheias de citações e referências.

Logo adiante, vozes sensatas da intelectualidade da esquerda imaculada - e tão dada a pulinhos revolucionários e consignas bacanas - nos avisam sobre as perfídias do lulo-petismo.

Eu, lulo-petista relutante e, de outra banda, lulo-petista conciliador, admito e confesso meu degenerado lulo-petismo e proclamo: em 2018 não votarei Lula porque ele será impedido por sergio moro e pelo aparato golpista do judiciário, mas votarei em quem ele indicar, até mesmo em ciro gomes, está claro?

Programa? Também quero um e já o tenho: é o lulo-petismo, o mais vitorioso e concreto programa de esquerda que o Brasil já teve.

Eu até posso remar nos remansos das teorias bem arquivadas, até posso suar nas maratonas da intelectualidade bem empregada mas, admito, prefiro pisar nos esgotos a céu aberto que o lulo-petismo começou a resolver.

Eu não quero estar teórica e perfumadamente certo. Quero estar fedido, coberto pela merda da realidade. Eu pisei nos esgotos a céu aberto.

Sou um bosta de um lulo-petista.