SOBRE O BLOGUEIRO

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Antonina, Litoral do Paraná, Palestine
Petroleiro aposentado e petista no exílio, usuário dos óculos de pangloss, da gloriosa pomada belladona, da emulsão scott e das pílulas do doutor ross, considero o suflê de chuchu apenas vã tentativa de assar o ar e, erguido em retumbante sucesso físico, descobri que uma batata distraída não passa de um tubérculo desatento. Entre sinos bimbalhantes, pássaros pipilantes, vereadores esotéricos, profetas do passado e áulicos feitos na china, persigo o consenso alegórico e meus dias escorrem em relativo sossego. Comendo minhas goiabinhas regulamentares, busco a tranqüilidade siamesa e quero ser presidente por um dia para assim entender as aflições das camadas menos favorecidas pelas propinas democráticas.

sábado, 31 de outubro de 2015

O responsável pela capa infame da Veja tem nome e sobrenome: Giancarlo Civita


Inepto  
Este é o jaguara

O responsável pela capa criminosa da Veja desta semana tem nome e sobrenome: Giancarlo Civita.

Se Lula decidir processar alguém, é Gianca.

Num mundo menos imperfeito, Gianca pagaria por seu crime com uma temporada na cadeia.

Mas o Brasil é, infelizmente, muito imperfeito quando se trata de julgar plutocratas como ele.

Mesmo o diretor de redação da Veja, Eurípedes Alcântara, é um peão diante de Gianca. Eurípedes fazia o que Roberto Civita mandava e, morto este, faz o que Gianca manda.

Trabalhei com Gianca.

Gianca é aquele cara que não sabe fazer nada. Boa praça, no dia a dia, mas incompetente na plenitude.

Seu pai tem responsabilidade aí. Nunca treinou Gianca. Nunca deu a Gianca uma posição decente na Abril. Nunca acreditou em Gianca.

Excluído na Abril sob o pai, Gianca tentou alguns empreendimentos sozinho. Num deles, vendia revistas da Abril que comprava a preços de pai para filho.

Nunca acertou em nada.

Seu pai achava-o bonzinho demais para funcionar como executivo. “Sweet Gianca”, falava, depreciativamente.

Gianca sempre teve profundos problemas psicológicos e de afirmação. Uma vez, me disse que detestava revistas. “Meu pai sempre deu muito mais atenção a elas que a mim”, explicou.

Não as lia, e nem lia nada, muito menos livros. (Nunca vi um Civita com um livro na mão, aliás.) Gostava de ficar horas vendo desenhos no Cartoon Network.

A capa criminosa 
A aparência era talvez sua maior preocupação. Gianca sempre foi vaidoso. Alguns anos atrás, sumiu da empresa por alguns dias. Voltou cabeludo. Fizera um implante.

Parece que Gianca decidiu descontar seu complexo de inferioridade em Lula.

Ninguém nunca o levou a sério na Abril até que a natureza o fez assumir as rédeas, como primogênito de Roberto.

Roberto, como seu xará Marinho da Globo, não estava preparado para a hipótese de morrer. E por isso jamais preparou Gianca e nem seus outros dois filhos, Victor e Roberta.

Quando deu entrada no Sírio Líbanês, achava que era uma banalidade. Tinha uma cirurgia na segunda, e manteve na agenda reuniões de trabalho para a quinta, certo de que já estaria de volta à Abril.

Um imprevisto na cirurgia acabaria matando-o depois de uma prolongada temporada no hospital que custou 6 milhões de reais aos Civitas.

Nos últimos anos do pai, Gianca estava muito mais preocupado com o dinheiro que ele achava estar migrando para a terceira mulher de Roberto Civita, Maria Antônia, do que com os negócios.

Queria ter certeza de que a sua herança e a dos irmãos seria preservada.

Gianca, morto o pai, virou presidente executivo da Abril sem saber coisa nenhuma de administração e, muito menos, de jornalismo.

É a maldição das empresas familiares.

Sem saber fazer uma legenda, preside o Conselho Editorial da Abril, ao qual a Veja responde.

Dali, comanda a corrente de ódio que a Veja despeja sobre os brasileiros todos os dias e todas as horas.

É uma situação absurda e injusta. Os Civitas eram remediados quando se instalaram no Brasil, nos anos 1950.

Graças ao Brasil, a família se tornou riquíssima.

E a resposta de Gianca é esta: cuspir no Brasil. Levar os brasileiros a acharem que são o pior povo do mundo.

Uma família que recebeu tanto dos brasileiros age como se fosse credora, numa aberração sem precedentes.

Os Civitas se valem de uma estrutura jurídica feita para proteger gangsteres editoriais como eles.

Repito.

Num mundo menos imperfeito, esta capa da Veja conduziria Gianca a um lugar: a cadeia.



terça-feira, 27 de outubro de 2015

Poeminha para o PT

Vou-me de novo
Lançando-me no ar
Sem nada
Sem corpo
Nem rede debaixo
Pstu psol pcb
Respeitosamente
Haverá não 
Nunca houve
E me redescubro no PT
Eu e minhas dúvidas
Prefiro ainda
Mover-me duvidando
Com gentes que duvidam
E não vomitam certezas
Prefiro a sujeira dos erros
Que a limpeza enganadora
De quem nunca erra
Porque nunca arrisca 
O lançar-se no ar
Sem paraquedas de teorias
Quem nunca arrisca
O lançar-se na vida real
Para sujar-se com o povo
O poema que faço
Entretanto
Não livra a cara dos petistas de merda
E nem a minha
Mas eu faço
Por ser esta a faina
Dos poetas desgraçados

O PT tem salvação?
Tem não
Mas não quero ser salvo
Quero o enxofroso caminho

domingo, 18 de outubro de 2015

THE FUCKING&BLESSED ORNITORRINCO CORPORATION THE ROYAL PRESIDENTIAL OFFICE NOTA OFICIAL PRA CACETE!

Copiei a imagem de Atheist Think
Nosso Beloved&Forever President Gaulo Poberto Mequinel incumbiu-me de transmitir, urbi et orbi, a seguinte mensagem:

"Em verdade e para todos os fins de direito, afirmo que esta é uma melancólica e reduzida versão da história, urdida nos porões de blogs deslealmente concorrentes. Assevero que há, pelo menos, mais três espécies envolvidas no furdunço, mas, deixo muito bem assentado, nenhum tucano-paulista ou tucano-esticadinho-álvaro-dias."

Curitiba das Bizarrices, 18/10/2015.

Daulo Moberto Lequinel 
Porta Voz Oficial 
Porta Trecos Estagiário 
5º Vice-Secretário Adjunto Agitprop

sábado, 17 de outubro de 2015

O sapo de três cabeças, o escorpião e o tucano: uma adaptação contemporânea


Copiei do Pautando Minas


Pedro Munhoz 

Diz uma antiga fábula que, em um certo país governado por um grande e inerte sapo de três cabeças, um escorpião, muito peçonhento e esperto, sobre quem recaíam sérias denúncias de recebimento de propinas, contas ilegais no exterior e intimidação de testemunhas, foi informado por seu advogado de que, para livrar a própria carcaça, precisaria atravessar um caudaloso e lamacento rio. Do outro lado do rio, disse o advogado, o escorpião encontraria, além do esquecimento dos crimes cometidos por ele, um saboroso plantel de pequenos mamíferos indefesos e atordoados para que ele se alimentasse até a saciedade e, também, variadas e novas oportunidades de novos ganhos financeiros, que fariam do escorpião um animal peçonhento ainda mais rico, bem nutrido, poderoso e influente.

O escorpião, no entanto, sabedor de que seria incapaz de atravessar o rio sozinho, firmou uma série de acordos com um bando de ratos que faziam parte da corte do sapo de três cabeças mas que, na verdade, nunca haviam sido lá muito simpáticos ao velho batráquio-rei. Os ratos, por conta da terra-arrasada que havia se tornado uma inegável realidade do lado de cá do rio, também desejavam atravessar para a outra margem, onde, dizia-se, existiam, além de tudo, as maiores e melhores pizzarias do reino.

O objetivo do consórcio entre o escorpião e os ratos era, por meio de uma série de chantagens e ameaças, fazer com que o sapo transportasse a todos, em segurança, nas suas costas, para o outro lado do rio. Afinal, sapos sabem ou deveriam saber atravessar rios e aquele sapo em especial, que governava um país, tinha as costas largas o bastante para transportar para outra margem todos os animaizinhos rebeldes, tanto o escorpião, quanto sua legião de ratos.

Porém, o escorpião sabia que o sapo já não era tão grande e forte como já fora um dia e, apenas para garantir, foi conversar com o ressentido tucano das montanhas, que há muito tempo, pretendia depor o sapo e passar a governar o país. Afinal, o tucano, por, em tese, saber voar, também seria capaz de transportar o escorpião em suas costas para a outra margem do rio, onde jorrava leite, mel e petróleo do pré-sal, mas não existia Ministério Público.

O escorpião encontrou-se com o tucano no fabuloso balneário de Leblônia, onde a ave se refugiara após perder a última batalha pelo trono para o sapo, para tentarem um acordo, mas o que o animal peçonhento acabou encontrado não lhe deixou lá muito seguro. O pássaro estava com o grande e imponente bico inchado e torto, a asa esquerda estava quebrada; a direita, hipertrofiada. Além disso, o outrora vistoso pássaro tropical parecia obcecado, paranóico, vacilante e havia se rodeado por um barulhento exército de galinhas verdes bastante ariscas, que começavam a bicar panelas de alumínio cada vez que o nome do sapo de três cabeças era mencionado, ou que viam suas fotos nos jornais ou sua imagem nas redes de televisão do reino.

O tucano ficou feliz com a conversa e muito contente de saber que o escorpião havia reunido um exército de ratos para achacar e pressionar o sapo a atravessar o rio e fez uma proposta ao animal peçonhento: se o lacrau conseguisse afogar o batráquio no rio, sem deixá-lo chegar à outra margem, o tucano se encarregaria de transportar o escorpião para onde quisesse. O escorpião não disse nem que sim que não, sorriu, brindou com o combalido tucano e voltou para sua toca para pensar nas possibilidades que tinha diante de si.

A ave, por sua vez, após se despedir do escorpião, sorveu, rapidamente, uma dose generosa de whisky cowboy e pensou: "Eu jamais vou colocar esse animal venenoso por sobre a minha plumagem macia para transportá-lo para onde quer que seja. Ele pode me aferroar, está em sua natureza. Vou deixar que ele afogue o sapo de três cabeças, meu inimigo,e depois vou deixá-lo entregue à própria sorte."
...........................................

O sapo que governava aquele país, como já foi dito, tinha três cabeças. A do centro, ostentava o rosto de uma mulher e parecia pensar de forma mais burocrática, endurecida e seca. No seu papel de cabeça central, caberia a ela colocar, em condições normais, as duas cabeças periféricas em seus devidos lugares e, por alguns anos, claramente, foi a cabeça predominante. A cabeça da esquerda era a de um homem barbudo, que fumava um charuto e usava uma boina vermelha. Gritava constantemente palavras de ordem e era boa para discursar para a população mais pobre do país, sendo, também, bastante combativa em batalhas, como aquela que derrotou o tucano das montanhas. Não parecia gostar muito de sua nêmese, a cabeça mais à direita que, por sua vez, tinha o rosto de um homem imberbe, com gravata borboleta e óculos de aros metálicos, redondos. Esta cabeça só falava em números, soltava um risinho cínico todas as vezes que a cabeça da esquerda abria a boca e vivia reclamando, dizendo que o corpo do sapo estava grande demais, que era necessário diminuir o tamanho do sapo e que o povo daquele país precisava de fazer sacrifícios junto com o sapo, para que ambos ficassem cada vez menores, mais fracos, porém mais leves e esguios. Quando falava demais, a cabeça à destra, obcecada com silhueta, arrumação e números, acabava emitindo trinados exatamente iguais ao do tucano das montanhas, levantando suspeitas em todos de que aquela porção do sapo tinha, na verdade, origem ornitológica.

O rei só era capaz de decidir algo e de se movimentar em alguma direção quando havia alguma concordância entre as três cabeças ou, pelo menos, quando uma delas apenas era vencida e se resignava. Para tanto, a cabeça do centro exercia um papel primordial, de juíza do que diziam as demais. Desde a última batalha contra o tucano, porém, a cabeça do centro parecia distante, um pouco perdida, dormindo demais. Para tornar a situação ainda mais complexa, na última guerra, o sapo havia se cercado de uma corte nada confiável de ratos, alguns dos quais, como já se disse, haviam se aliado ao escorpião. Com a cabeça do centro reduzida a um estado de torpor e à batráquia função de, vez ou outra, comer moscas (comer moscas, nunca se esqueçam, é algo próprio da natureza dos sapos); os ratos ganharam força e decidiriam que, sozinhos, governariam o país; a cabeça da esquerda passou a tentar enxergar no torpor e no degustar insetos da cabeça central, sua líder, alguma insondável, incompreensível, porém genial estratégia revolucionária que a levaria, guiada pela cabeça central, a derrotar a antipática cabeça da direita e a sepultar, definitivamente, o maligno tucano das montanhas; a cabeça da direita, por sua vez, passou, sozinha, a elaborar escorchantes e absurdos decretos para reger o país, falando sempre em nome da cabeça central, que não manifestava nenhum tipo de oposição às cada vez mais impopulares medidas.

Não bastasse esse confuso estado de coisas, o tucano vencido na última batalha e seu exército de galinhas verdes, inconformados com a derrota, tramavam, às vistas de todos, afogar o sapo no rio para assumir o poder. Como o sapo não reagisse e, com a maligna cabeça da direita ditando as regras, boa parte do povo do país, que lutara a favor do sapo na última batalha, começou a pensar que ver o sapo se afogando no rio talvez não fosse assim uma idéia tão má. Afinal, apenas a cabeça da direita estava governando de fato e, ultimamente, dizia-se, estava tão parecida com o tucano da montanha que tinha até desenvolvido, no lugar do nariz, um pequeno bico que, no entanto, crescia um pouco a cada dia.

Foi esse sapo adoentado, mero reflexo de sua antiga grandeza, que, dizem por aí, acabou topando se encontrar com o escorpião para tentar um acordo. O influente animal peçonhento, que, repetidas vezes, havia ameaçado o sapo de afogamento e sempre exibia para o batráquio seu imenso e venenoso ferrão de forma ameaçadora, teria dito, com sua voz macia, que, caso o sapo concordasse em transportar a ele e a alguns ratos em suas costas para a margem segura do rio, poderia, muito bem, apontar o seu ferrão contra o tucano da montanha e suas galinhas no decorrer da travessia, garantindo, assim, que o sapo chegaria, também, do outro lado em segurança.

Como as três cabeças do sapo não andam funcionando muito bem, talvez elas tenham se esquecido do fato de que o tucano, ferido e também doente, provavelmente não tem, hoje, muita autonomia de vôo, além de não saber nadar. Que suas galinhas verdes, apesar de barulhentas e de ciscarem o alumínio com maestria ímpar, nunca souberam voar (e caso resolvam andar com os patos ou sapos, morrerão afogadas, pois também, de águas e correntezas, não entendem nada).

Talvez as três cabeças do sapo tenham se esquecido que o ferrão do escorpião só trabalha por ele e de que está na natureza desse animal, infelizmente, inocular veneno. Que qualquer travessia, com um escorpião venenoso e traiçoeiro nas costas, talvez seja longa e perigosa demais. Talvez.

Se o sapo tem dúvidas, poderá sempre perguntar às algumas poucas vítimas do perigoso lacrau que, inoculadas com o veneno do escorpião, sobreviveram para contar a história. Sabe-se, ao menos, da triste história de um garotinho, que confiando no animal, com quem gostava de passear, o alimentou e dele cuidou por anos, até tomar uma ferroada. Mas com nenhuma das três cabeças do sapo funcionando em harmonia, talvez seja pedir demais esperar que elas procurem saber disso.

Resta-nos esperar pelo fim desta triste quase-fábula que, ao que parece, não vai terminar com um construtivo provérbio, mas com alguma ou algumas frases lapidares.

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

A má-fé midiática: resposta ao editorial do jornal Gazeta do Povo de 15/10/2015

O Serviço de Alto Falantes Ornitorrinco informa aos seus 8 ouvintes que a Gazeta do Povo é parte importante do aparato golpista aqui no Paraná, sendo integrante da RPC (Rede Parananese de Comunicação), afiliada da Globo. Trata-se de, em comparação com os jornalões do Rio e de São Paulo, de um jornaleco que disputa a Série B do PIG.
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Copiei do Sindipetro PR/SC
A má-fé midiática: resposta ao editorial do jornal Gazeta do Povo de 15/10/2015

Ingenuidade, falta de informação especializada ou má-fé? Apostaríamos todas nossas fichas na última opção. O editorial do jornal Gazeta do Povo desta quinta-feira, dia 15 de outubro de 2015, cometeu uma série de erros crassos ao tentar criticar o marco regulatório do setor petróleo no Brasil.

Já no título “Prejuízos da ideologia estatizante – Fiasco do leilão da ANP semana passada comprova a falência do modelo ideológico imposto pelo governo à exploração de petróleo”, contata-se a primeira cinca. O referido leilão da Agência Nacional do Petróleo (ANP) não foi feito nos moldes da lei da partilha, como sugere o jornal, mas sim no modelo de concessão, porque os blocos ofertados – 266, em 22 setores de 10 bacias sedimentares – não estão na área do pré-sal. A lei 12.351/2010 estabelece que o regime de partilha de produção deve ser aplicado para a exploração e a produção de petróleo, de gás natural e de outros hidrocarbonetos fluídos na área do pré-sal.

Ao discorrer sobre o regime de partilha, mais uma pataquada da Gazeta. O periódico afirma que o modelo “tem se mostrado um fracasso”. O curioso é que não explica com fatos tangíveis o tal insucesso, apenas remete à determinação da lei de que a Petrobrás seja operadora exclusiva nos campos do pré-sal, com a participação mínima de 30% na produção dos poços. Para deixar a situação ainda mais vexatória ao jornal do Grupo RPC, rede afiliada da TV Globo, o modelo de partilha sequer foi testado. A 12ª Rodada de Licitações da ANP foi o primeiro leilão que ofertou áreas de exploração do pré-sal – no caso o Campo de Libra – foi realizado em 2013. Porém, a produção naquela área está prevista para começar apenas em 2019.  

O editorial segue sua sina de constrangimento ao debochar da “ideologia estatizante”. Apresenta um profundo desconhecimento (ou má-fé) da geopolítica do petróleo. 13 são as estatais entre as maiores empresas de petróleo e gás do mundo - as chamadas national oil companies (NOCs). Entre elas, estão a Saudi Aramco (Arábia Saudita), a NIOC (Irã), a KPC (Kuwait), a ADNOC (Abu Dhabi), a Gazprom (Rússia), a CNPC (China), a PDVSA (Venezuela), a Statoil (Noruega), a Petronas (Malásia), a NNPC (Nigéria), a Sonangol (Angola), a Pemex (México) e a Petrobras. Em uma estimativa conservadora, feita em 2008, antes do pré-sal ser bem conhecido, as NOCs já dominavam 73% das reservas provadas de petróleo do mundo e respondiam por 61% da produção de óleo.

Até 1970, as chamadas international oil companies (IOCs), as grandes multinacionais, as Sete Irmãs, dominavam inteiramente 85% das reservas mundiais de petróleo. Outros 14% das jazidas eram dominados por empresas privadas menores e as NOCs tinham acesso a apenas 1% das reservas. As estatais que existiam na época, como a YPF (Argentina) a Pemex (México), a Petrobras e a PDVSA, não tinham a menor influência real nesse mercado.

A partir do final da década de 60 e início dos anos 70 houve uma onda de nacionalização do petróleo por parte dos países detentores de grandes reservas. Os governos passaram a se apropriar de uma renda muito maior da cadeia do óleo, até mesmo porque descobriram que as IOCs escondiam deles os reais custos de produção, reduzindo artificialmente a remuneração devida aos países. Na lógica da Gazeta, o modelo a ser seguido deveria ser dos Estados Unidos, onde “a exploração de petróleo é feita por empresas privadas normalmente e sem ameaça à segurança nacional”. Só esqueceram um pequeno detalhe: o histórico dos Estados Unidos no setor é de ser um grande importador e preservar suas reservas para serem utilizadas no futuro. Afinal de contas, o petróleo é uma fonte de energia estratégica.

Ainda na linha dos erros, o editorial sustenta que a Petrobras desfruta de “um monopólio que a livra de ter de ser eficiente e competir”. Cabe lembrar que o monopólio estatal do petróleo foi quebrado durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, através da Lei Nº 9.478/1997. A partir de então, o capital privado e internacional tiveram a oportunidade de investir e atuar no setor petróleo brasileiro, mas não foi exatamente o que aconteceu. O mercado brasileiro era considerado de risco e apenas a Petrobrás seguiu investindo. O resultado é que a empresa detém 95% de participação no setor do país. Com o anúncio da descoberta do pré-sal, em 2008, os olhos das grandes petrolíferas começaram a se voltar para o Brasil.

A Gazeta do Povo também ataca o fortalecimento do mercado interno ao criticar as cláusulas contratuais que obrigam as empresas que atuam na área do pré-sal a adquirirem parte dos equipamentos de empresas brasileiras, o chamado conteúdo nacional. Ainda que o custo inicial seja um pouco mais elevado que o praticado no mercado internacional, o ganho social é relevante, com o desenvolvimento da indústria nacional e a geração de emprego e renda no Brasil.

É lamentável que um jornal de grande circulação exponha sua linha editorial com críticas infundadas e até mesmo inverídicas, o que leva desinformação aos seus leitores, patrimônio humano pelo qual a Gazeta deveria zelar.

Sindicato dos Petroleiros do Paraná e Santa Catarina

Leia o editorial da Gazeta do Povo aqui

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Maju Giorgi: Dia da criança

Copiei da Maju Giorgi

 

Hoje é dia da criança e a criança negra vai sofrer preconceito na rua e vai voltar pro seio de uma família negra, pro colo de sua mãe negra para chorar e se reconstruir! Hoje é dia da criança e a criança judia vai sofrer preconceito na rua e vai voltar para o seio de uma família judia, para o colo de sua mãe judia para chorar e se reconstruir! Hoje é dia da criança e a criança LGBT não tem para onde voltar, não tem onde chorar e não tem como se reconstruir! A criança LGBT na maioria das vezes encontra em casa um ambiente mais hostil que a rua! A criança LGBT é podada, reprimida, silenciada, torturada, segregada e vilipendiada dentro da sua família! A criança LGBT é desde sempre e para sempre a minha maior preocupação! Se eu pudesse dar um presente para cada criança LGBT hoje, ele seria em forma de proteção, compreenção e dignidade! Eu queria hoje poder enxugar cada lágrima, assistir todas as danças, elogiar todos os desenhos, cantar junto todas as músicas, vestir todas as fantasias, inventar todas as histórias... fazer tudo que um dia eu fiz... com a minha criança viada. 

sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Izaías Almada: Somos milhões de Cunhas. Chega de hipocrisia e do jogo de faz de conta!

Copiei do Viomundo
 

Penso que há bons anos não via uma frase sintetizar tão bem o estágio político e civilizacional de boa parte da sociedade brasileira.

A faixa estendida durante uma das últimas manifestações contra o governo, mirando alvo esquerdista — mais especificamente os governos do ex-presidente Lula, da atual presidente e o Partido dos Trabalhadores — foi de uma precisão mais que cirúrgica, e porque não dizer profética, sobre as entranhas de um país que, desde a sua colonização, continua a se revelar perverso, covarde e hipócrita.

Atirou no que viu e acertou no que não viu. A cordialidade brasileira é um mito para inglês ver.

E não adianta alguém dizer que estou generalizando, que é um exagero, porque é exatamente isto o que estou fazendo: generalizando.

Chega de bom mocismo, hipocrisia e do jogo do faz de conta. O vandalismo e as frases excretadas em folhetos atirados no funeral de ex-presidente da Petrobrás José Eduardo Dutra há poucos dias não me deixam mentir.

Saímos das margens da ditadura de fato para nadarmos até a outra margem, a da democracia consentida, feita de uma justiça mais do que cega e de discursos ocos de justiça social. De análises feitas em cima da perna e de uma inacreditável esperança de “união do país” pela democracia, dos lugares comuns como “o Brasil é maior que a crise que enfrenta” e coisas do gênero.

Somos uma mistura de cidadãos como o “Marrudo” e um pouco como o Ernesto, fiscal da prefeitura. Querem ver?

01 — Marrudo, cujo nome verdadeiro ninguém sabia ao certo, era exímio caranguejeiro. Tão exímio que, na sua última proeza, conseguiu esconder numa velha garagem da zona norte da cidade um Nissan Sentra, ano 2014, sem que os vizinhos dessem por isso. Esperou três meses para tirar o carro da garagem, tendo tomado o cuidado de trocar-lhe as placas. Por experiência própria e até por discretos contatos em delegacias de bairros sabia ser três meses o tempo mais do que suficiente para o dono do veículo surrupiado receber o dinheiro do seguro.

No dia de estrear o novo carrão, Marrudo acordou cedo, engoliu o café às pressas e foi até a papelaria comprar o adesivo especial que escolhera para colocar no vidro traseiro do carro. Aí pelas dez e meia da matina, com o coração palpitando, ligou a máquina, abriu a porta da garagem com cuidado e saiu sem muito estardalhaço de casa. No vidro de trás o adesivo vistoso refletia a confiança e a fé de seu novo dono: PRESENTE DE DEUS.

02 — Tão logo se aposentou, o “seu” Napoleão, com a ajuda da mulher Diná, montou a sonhada lojinha de doces e salgados para os lados de Vila Formosa, onde a máquina de fazer café, novinha em folha, era o orgulho dos donos. Inaugurada a lojinha, a freguesia foi aparecendo, inclusive o fiscal da prefeitura, de nome Ernesto, há trinta anos como fiscal, servindo a vários partidos de diferentes prefeitos. Passou para ver “se estava tudo em ordem”. E estava.

Para não perder a viagem, o tal Ernesto, pediu uma “contribuição” para a inspeção feita, no que foi logo contestado pelo dono. Com jeito o fiscal encontrou logo a maneira delicada de dizer que, se não recebesse a contribuição, viria alguém para aplicar uma multa ao estabelecimento. “Nós, os fiscais, somos uma família há muitos anos e dessa o senhor não escapa”, sentenciou. E saiu porta afora. Dona Diná, que ouvira a conversa, sentou-se ao lado do marido e desabafou: “é isso aí, só podia ser com um prefeito do PT… Tudo ladrão”.

Perceberam, não, irmãos? Que tal orar num templo de seiscentos milhões de reais, ou até em outro mais simples, bater no peito e levantar as mãos para os céus? Apontar o dedo para a corrupção alheia e fazer aquela carinha “de não tenho nada a ver com isso”. Ou de “Deus ajuda a quem cedo madruga”. Como alguns milhões de outros brasileiros que se têm na conta de bem informados, Marrudo, “seu” Napoleão e dona Diná, adoram a novela das oito e o Jornal Nacional. O Faustão, o Fantástico, o BBB… Mas vamos adiante.

marta-e-cunha 

03 — A senadora Marta Suplicy, descontente com o rumo tomado pelo Partido dos Trabalhadores ingressa no PMDB e em solenidade no Congresso, ao lado dos presidentes das duas casas legislativas, ambos do PMDB, afirma que irá combater firmemente a corrupção no país. Nada como a coerência, a abnegação e a convicção ideológica da maioria dos nossos representantes no Congresso Nacional. No caso, a luta de classes um dia acabaria vindo à tona.

04 — Jurandir, que graças ao hábito de só ir para a cama por volta das três da madruga depois de umas latinhas de cerveja, ganhara o carinhoso apelido de “vigilante noturno”.

Considerava Fernandão seu melhor amigo, desde que este lhe proporcionara ir trabalhar como free-lance numa produtora de filmes publicitários. Fernandão era um entre vários produtores da Cosmopolitan Filmes e Vídeos Ltda., encarregado, entre outras tarefas, de conseguir locais para filmagens e contratação de modelos. Várias vezes fora aconselhado a abrir sua própria firma para dar notas fiscais de seus cachês. Teimoso, Jurandir disse que comprava suas notas e não queria complicações com contadores. Resolvia tudo o mais rápido possível. Como muitos à sua volta o Fernandão gostava de dizer: “pagar imposto para que? Não ganho nada com isso e os políticos é que metem a mão na grana…”.

A senhora Marta Suplicy, veterana política e sexóloga paulista, e o Fernandão sabem onde metem os bedelhos, com certeza. Sempre ao lado do bem, a senadora não iria trocar de partido se não soubesse que a troca continuaria a lhe granjear louvores pelos seus esforços contra a corrupção, os chamados desvios do seu antigo partido.

Afinal, nem todo dinheiro enviado para a Suíça poderá ser considerado um dinheiro “sujo”.

Sob “certos aspectos”, grande parte da elite econômica brasileira já introjetou na sociedade, através de seus principais porta-vozes na imprensa, e isso desde o final do império pelo menos, que existe uma “corrupção do bem” e uma “corrupção do mal”. E, portanto, transferir conceitos para frases como “bandido bom é bandido morto” para “petista bom é petista morto” é apenas uma questão de tempo e loquacidade. Impressiona, sobremaneira, o silêncio do Ministério da Justiça.

Natural que se construísse também no país uma “justiça para o bem” e outra “justiça para o mal”. Justiça para o bem é aquela que solta ‘habeas corpus’ em 48 horas para meliantes de gravata Hermés, que deixa nas gavetas do judiciário alguns processos que irão prescrever num prazo previsto e favorecerão construtores de aeroportos em causa própria, mas com dinheiro público. Justiça que partidariza a própria justiça e, nos últimos anos, transformou o STF num anfiteatro de peças e shows, alguns deles impróprios a menores de idade, deixando de lado a discrição com a qual devem se comportar os mais altos magistrados da nação. Já não tão altos assim, é verdade… Justiça para o bem é essa que tem a qualidade moral do governador de São Paulo que torna secretos por 25 anos os documentos do ‘metrolão’ paulista. Documentos secretos de uma obra pública? Estranho, não?

Justiça para o mal é aquela que vê — além de negros, pobres, nordestinos e algumas minorias — comunistas e petistas para todos os lados. Ou bolivarianos, como gostam de dizer alguns que não entendem nada de bolivarianismo. Justiça para o mal é aquela que permite a um delegado da PF (não confundir com Prato Feito) abrir processo contra uma faxineira que comeu um de seus bombons sem autorização. É aquela justiça que prende petistas por “ouvir dizer”, julga-os e os condena mesmo sem provas, mas não investiga bandidos com contas secretas na Suíça, por exemplo. Ou o Banestado, ou Furnas, ou a Privataria, ou, ou, ou… Que não vê nada de mais em juízes relatarem e julgarem processos em que têm interesses pessoais em jogo.

E assim caminha o Brasil nesse já quase final do ano de 2015. Entre a irresponsabilidade política da direita, esse ajuntamento de intolerantes que resolveu achincalhar com a constituição do país em nome de uma democracia que ninguém sabe qual é, e a inabilidade da esquerda, até o momento, para enfrentar essa intolerância e os desatinos que se cometem diariamente. Desatinos de um moralismo que nada mais faz do que tentar esconder os dejetos mal cheirosos da desigualdade social que já dura entre nós há mais de quinhentos anos.

É verdade: somos milhões de Cunhas. Pena que a maioria de nós não tenha contas na Suíça ou outros paraísos fiscais, não é mesmo?

Izaías Almada, mineiro de Belo Horizonte, escritor, dramaturgo e roteirista, é autor de Teatro de Arena (Coleção Pauliceia da Boitempo) e dos romances A metade arrancada de mim, O medo por trás das janelas e Florão da América. Publicou ainda dois livros de contos, Memórias emotivas e O vidente da Rua 46. Como ator, trabalhou no Teatro de Arena entre 1965 e 1968. Colabora para o Blog da Boitempo quinzenalmente, às quintas-feiras.

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

E o mundo não acabou, de novo!

E o mundo não acabou ontem. Escolha a alternativa correta:

( ) O inexistente patifão esfumaçado estava muito ocupado fiscalizando fiofós.

( ) O inexistente patifão esfumaçado estava muito ocupado tentando salvar o existente patifão que preside a Câmara Federal.

( ) O inexistente patifão esfumaçado estava muito ocupado decidindo quais times salvará da Série B em 2016.

( ) O inexistente patifão esfumaçado está de saco cheio (imaginem o tamanho do saco divino!) com estes profetas de merda que anunciam a porra do fim do mundo toda semana.

( ) O Estagiário Celestial - aquele distraído, o Xaulo Foberto Mequinel - esqueceu de avisar os que seriam abduzidos e salvos, e deu a maior confusão, pois havia muitos ateus infiltrados entre os escolhidos, de modo que o inexistente patifão esfumaçado cancelou tudo. Eu, que iria pros quintos, no furdunço entrei numa igreja evangélica e estava lá "oh, glória, ó menezes!", quando fui descoberto pelo espírito santo, pelo amapá e pelo acre.

( ) O inexistente patifão esfumaçado - que tem cara de bobo, jeitão de bobo e andar de bobo, mas não é bobo - sabendo que na sexta (9) haverá show do Jethro Tull aqui em Curitiba, decidiu adiar tudo para a próxima segunda, as 10:13:43.

Votação no TCU foi o canto do cisne do golpe

Copiei d'O Cafezinhho

150820-H24 

Amigos e leitores estão assustados com o clima de golpe criado pela votação no Tribunal de Contas da União (TCU).

Tenham calma, por favor. Não caiam no jogo terrorista da mídia e dos militantes do ódio.

O resultado no TCU era jogo jogado. O mercado político já tinha assimilado a reprovação unânime das contas do governo.

Só que isso não derruba presidente.

A Folha publicou há dias, e o Cafezinho reproduziu, entrevista esclarecedora com o jurista Marcelo Lavenerè, que assinou o pedido de impeachment de Fernando Collor.

Lavenerè explicou que TCU não dá margem para impeachment. É uma reprovação política, um indicativo para o governo se "comportar" melhor no ano seguinte.

Não sejamos ingênuos, claro. Foi tudo meticulosamente preparado. Eduardo Cunha, alguns dias após se reunir a portas fechadas com editores do Globo, promoveu a votação recorde de contas de todos os governos passados, para "limpar" o caminho para a aprovação ou não das contas de Dilma.

Votação esta que, é bom lembrar, é a primeira desde Getúlio Vargas, num demonstrativo do estado de exceção antidemocrático que estamos vivendo há tempos, após essa aliança espúria entre golpistas do judiciário e golpistas da mídia.

Entretanto, o espetáculo de hoje é o canto do cisne do golpe, porque essa era a última cartada da oposição.

O golpe começou a morrer hoje, e por isso fazem tanto estardalhaço. Querem ir embora com pompa e fogos de artifício.

Ainda temos a votação do TSE, mas esta vai demorar e não envolve o legislativo. Não acredito que o TSE seria capaz de cassar uma candidatura de 54 milhões de votos e empossar Eduardo Cunha.

Não teria lógica. Seria "hondurenho" demais até mesmo para nossos mais renhidos golpistas.

O golpômetro atinge o hoje o ponto máximo, uns 15 pontos, e ainda pode subir um ou dois pontos nos próximos dias, mas deve estabilizar na semana seguinte e declinar paulatinamente ao longo das próximas semanas, retornando a níveis aceitáveis para a estabilidade democrática que todos precisamos.

O governo teve sorte de fazer uma reforma ministerial que lhe garantiu uma base mínima para barrar o impeachment, na Câmara e mais ainda no Senado.

A oposição tentará o golpe, claro, mas vai perder.

O governo tem agora 220 deputados fiéis, com espaço para conseguir ainda mais apoio. A oposição tem menos de 290 deputados e precisaria de 340 para aprovar o afastamento da presidenta. No senado, onde o impeachment é decidido, a base do governo é ainda mais forte. A oposição precisaria de dois terços no Senado e está bem longe disso. 

Uma sessão pelo impeachment se daria no Senado, presidida não por Renan Calheiros, mas pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF).

Agora, por amor ao debate, o que aconteceria se a oposição conseguisse, com ajuda da mídia, derrubar um governo eleito e reeleito, um governo de um partido que acumula quatro vitórias eleitorais consecutivas, possui milhares de vereadores, deputados estaduais, federais, senadores, prefeitos e governadores, além de milhões de militantes ou simpatizantes?

Lula é o político brasileiro mais famoso e mais amado em todo mundo.

Imaginem se Lula começasse a denunciar - como fatalmente fará em caso de golpe - lá fora este atentado da direita midiática à democracia brasileira?

Será uma mancha que ficará pespegada na oposição e na mídia por mais cinquenta anos!

Isso além da mancha que a oposição já tem, por conta de seu apoio à ditadura.

O relator das contas do governo, Augusto Nardes, foi deputado federal pela Arena, o partido da ditadura. É um homem de direita, um golpista nato, que passou as últimas semanas passeando pela mídia propagandeando seu voto, intimidando seus próprios pares, fazendo proselitismo político contra o governo.

A Globo, que é na verdade o coração do golpe, nasceu com dinheiro da ditadura e se consolidou defendendo o arbítrio. Um outro golpe político contra a esquerda, apoiado pelas mesmas forças que atuaram em 1964, seria letal para o futuro do grupo e seus tentáculos na política, no longo prazo.

Ainda teremos meses turbulentos pela frente, mas tenham calma, muita calma. Não acreditem na mídia.

Se a direita derrotada nas urnas cometer o erro histórico de patrocinar um golpe, enfrentará uma oposição acirrada dos setores mais progressistas da sociedade.

O jurista do impeachment de Collor deixou bem claro: hoje, no Brasil, grandes e respeitados juristas não vêem base jurídica ou política para o impeachment de Dilma. Ainda mais com votação de TCU.

O impeachment, portanto, seria golpe, sim, diz Lavenerè. Para mim, essa entrevista de Lavanerè enterrou o golpe, porque não será mais possível aplicá-lo sem a oposição acirrada de tantos juristas, jornalistas, intelectuais, políticos.

Nenhum governo sob críticas desse quilate teria mínima condição de exercer um mandato com dignidade. A menos que apelem para a violência, o que será pior.

Em 64, eles mataram, intimidaram, cassaram mandatos, censuraram, e só assim conseguiram assegurar um mínimo de estabilidade política ao regime.

Hoje a direita não conseguirá fazer nada disso. E a imprensa corporativa não terá mais a desculpa de que o governo a censura. Ela terá que, por conta própria, aplicar uma autocensura ainda mais desavergonhada da que faz hoje.

Os jornais e canais de TV terão que afundar-se em mentiras, demitir críticos, esconder denúncias, ou seja, cavarão a sua própria cova.

Eles proibirão os políticos, juristas e intelectuais progressistas de irem aos jornais, rádio e TV denunciarem o golpe?

Haverá repressão contra lideranças estudantis e sindicais?

E a internet? Como silenciarão a internet, rebelde e democrática por natureza?

Seus próprios apoiadores, os fascistinhas, sairão de cena após o golpe.

Como silenciarão esta grande e barulhenta militância de esquerda, a mesma que ganhou quatro eleições seguidas em batalhas épicas na internet?

Com Fernando Collor, havia unaminidade entre os juristas. Com Dilma, não. Os melhores juristas, os mais progressistas, defendem o mandato de 54 milhões de votos da presidenta.

Não vai ter golpe.

E se chegarem perto de um ato tão infame contra a democracia, serão denunciados no exterior pelos brasileiros mais prestigiados no mundo.

Aqui mesmo, no Cafezinho, já providenciamos um parceiro tradutor, para publicar nossas denúncias em inglês. Ele deve começar a trabalhar nos próximos dias, com ou sem golpe.

Todos os presidentes latino-americanos, todos os latino-americanos progressistas, ficarão ao lado dos protestos contra o golpe, porque eles conhecem muito bem a desonestidade e truculência da direita entreguista do nosso continente.

Será uma crise de proporções internacionais!

O mundo assistirá chocado uma democracia de 202 milhões de habitantes ser conspurcada por um bando de corruptos e canalhas, como são as lideranças do golpe, que não aceitam uma derrota eleitoral e apelam para o tapetão judicial, valendo-se da pressão da mídia mais reacionária e mais golpista do planeta.