SOBRE O BLOGUEIRO

Minha foto
Antonina, Litoral do Paraná, Palestine
Petroleiro aposentado e petista no exílio, usuário dos óculos de pangloss, da gloriosa pomada belladona, da emulsão scott e das pílulas do doutor ross, considero o suflê de chuchu apenas vã tentativa de assar o ar e, erguido em retumbante sucesso físico, descobri que uma batata distraída não passa de um tubérculo desatento. Entre sinos bimbalhantes, pássaros pipilantes, vereadores esotéricos, profetas do passado e áulicos feitos na china, persigo o consenso alegórico e meus dias escorrem em relativo sossego. Comendo minhas goiabinhas regulamentares, busco a tranqüilidade siamesa e quero ser presidente por um dia para assim entender as aflições das camadas menos favorecidas pelas propinas democráticas.

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Chateau-Levy: anotações de um enólogo distraído

Jaulo Goberto Requinel é enólogo não reconhecido pelas instâncias partidárias

Bebi ontem um Chateau-Levy, vindima 2014, cepa Patifa Tucana, de vasta produção em São Paulo e no Paraná.

Após o período de maceração eleitoral a produção foi levada diretamente ao mercado em barricas novas de carvalho neoliberal, nas quais o vinho envelheceu por 2 meses até virar vinagre, com denominação de origem controlada pela banca.

Na taça é intensamente azul-amarelado, desenvolve aromas de arrocho, verbas cortadas e demais especiarias típicas da cepa. 

Na boca é azedo, áspero, com desagradáveis taninos de desemprego, que devem piorar nos próximos dois anos, mostrando claramente o verdadeiro caráter da Patifa Tucana. A vagabundez dos aromas de repete na boca, sendo difícil, ou mesmo impossível, de beber.

Final persistente, definitivamente chato e inconveniente, com as sensações do desemprego (boca seca, palpitações) e da acidez da antiga militância (raiva, estupor) dividindo as atenções e os palavrões inevitáveis.

Palato marcado pelas notas rebaixadas dos picaretas do mercado e do palavrório salivoso dos colunistas amestrados, isso sem falar do olor dèjá vu que sobrou na memória da campanha.

O vinho foi vendido em 2014 como sendo de coloração vermelha, para ser bebido com a taça na mão esquerda mas, passadas as eleições, a produção azedou, a cor mudou para azul/amarelo e, para alegria de muita gente graúda, somente pode ser tomado com a taça firmemente ancorada na mão direita.

Tirando isso e botando aquilo, a seco, um vinho muito mal feito, mas plenamente capaz de demonstrar toda a exuberância da Patifa Tucana.

Nenhum comentário: