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Antonina, Litoral do Paraná, Palestine
Petroleiro aposentado e petista no exílio, usuário dos óculos de pangloss, da gloriosa pomada belladona, da emulsão scott e das pílulas do doutor ross, considero o suflê de chuchu apenas vã tentativa de assar o ar e, erguido em retumbante sucesso físico, descobri que uma batata distraída não passa de um tubérculo desatento. Entre sinos bimbalhantes, pássaros pipilantes, vereadores esotéricos, profetas do passado e áulicos feitos na china, persigo o consenso alegórico e meus dias escorrem em relativo sossego. Comendo minhas goiabinhas regulamentares, busco a tranqüilidade siamesa e quero ser presidente por um dia para assim entender as aflições das camadas menos favorecidas pelas propinas democráticas.

sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Sobre as sementes

Copiei do meu (inspirador) amigo Walter Silva

E se de repente, aos 16 anos, você caísse dentro de um sono de 25 anos?
Dormir, dormir o tempo de uma vida? Não seria algo realmente terrível?
Em 25 anos muita coisa pode ser realizada. Faculdade e trabalho com certeza. Talvez até casamento e filhos.
Impossível de mensurar o que se perdeu durante esses 25 anos de sono perpétuo.
Esses tais 25 anos desperdiçados lhe foram entregues, estes 25 anos representam um quarto da sua vida.
Não existem garantias depois dos 25 anos que lhe foram dados.
Então você acorda, depois de longos 25 anos e percebe que há um trabalho hercúleo para ser feito, um trabalho que somente um herói pode concretizar; a teia que você teceu antes de dormir está inacabada, não lhe serve para coisa alguma.
O que você faria? Iria sentar e chorar? Reclamar da injustiça, de tudo que lhe roubaram? Desistir de vez?
Eu fiz isso. Eu sentei e chorei desconsolado, e reclamei muito da injustiça de ter sido colocado para dormir por 25 anos.
Mas nada disso adiantou, e o tempo continuava a escorrer pelos dedos, estivesse eu a dormir ou a acordar.
Tomei então relutantemente algumas decisões.
Lavrei o solo e plantei as sementes.
Não recebi nenhuma garantia de que eu teria uma colheita, nenhuma certeza disso. Eu só tenho o brilho da esperança e o fogo dos meus sonhos me guiando na cegueira da noite escura.
Eu ouço vozes me dizendo que é tarde demais, continuamente. E me esforço para silenciar essas vozes.
Cada golpe que eu recebo me deixa prostrado; mas eu me levanto de novo, mesmo após desejar não me erguer mais.
Observo pessoas muito jovens reclamando que está tarde para elas, que o tempo voa, que elas se atrasaram.
Não consigo conter um sorriso.
Eu preciso fazer tudo em dobro; correr, lutar, esperar, acreditar.
Isso não é uma queixa. Antes disso, é um hino de amor por mim mesmo. Amor e gratidão.
Me ensinaram a me odiar profundamente, me ofereceram a morte branca, eu dormi por 25 anos, eu estive morto todo este tempo, vivendo no mundo dos espíritos.
Eu me levantei, voltei à vida, e aprendi a gostar de mim, sozinho, sem ajuda de deuses ou mortais comuns.
Não sei se terei mais 25 anos pela frente. Isso é o que menos me importa agora.
O importante é olhar ao meu redor, e de pé, contemplar esse jardim que está brotando da terra neste exato momento. Essas sementes que eu audaciosamente plantei um dia vão se tornar árvores, e essas árvores alcançarão o céu.

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