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Antonina, Litoral do Paraná, Palestine
Petroleiro aposentado e petista no exílio, usuário dos óculos de pangloss, da gloriosa pomada belladona, da emulsão scott e das pílulas do doutor ross, considero o suflê de chuchu apenas vã tentativa de assar o ar e, erguido em retumbante sucesso físico, descobri que uma batata distraída não passa de um tubérculo desatento. Entre sinos bimbalhantes, pássaros pipilantes, vereadores esotéricos, profetas do passado e áulicos feitos na china, persigo o consenso alegórico e meus dias escorrem em relativo sossego. Comendo minhas goiabinhas regulamentares, busco a tranqüilidade siamesa e quero ser presidente por um dia para assim entender as aflições das camadas menos favorecidas pelas propinas democráticas.

sábado, 18 de outubro de 2014

Poema sobre o sangue nos meus olhos

O sangue que está nos olhos deles, os que estão no outro lado, é muito diferente do sangue que está nos meus olhos.

Explico, se me permitem.

Eles sangram os brasileiros tem mais de quinhentos anos.

Eles matam os brasileiros de fome tem mais de quinhentos anos.

Eles roubam os brasileiros tem mais de quinhentos anos.

Fazem isso com os brasileiros, as brasileiras, com os negros e as negras, com os índios e as índias, com os invisíveis sem nome.

Nós, os que estamos aqui deste outro lado, conseguimos (talvez) diminuir a hemorragia de quinhentos anos.

Eles têm sangue nos olhos, sangue nas mãos e sangue nas suas contas bancárias.

Eles pretendem continuar saqueando o Brasil.

Em verdade não temos sangue nos olhos e nenhum sangue suja nossas mãos: somos a nossa luta, temos os olhos sempre alumiados por nossa esperança mais louca, temos as mãos espalmadas por nosso espanto com as injustiças.

Temos, sim, o sangue fervido por nossa indignação.

Somos de sangue, de luta.

Somos o povo brasileiro!

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