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Antonina, Litoral do Paraná, Palestine
Petroleiro aposentado e petista no exílio, usuário dos óculos de pangloss, da gloriosa pomada belladona, da emulsão scott e das pílulas do doutor ross, considero o suflê de chuchu apenas vã tentativa de assar o ar e, erguido em retumbante sucesso físico, descobri que uma batata distraída não passa de um tubérculo desatento. Entre sinos bimbalhantes, pássaros pipilantes, vereadores esotéricos, profetas do passado e áulicos feitos na china, persigo o consenso alegórico e meus dias escorrem em relativo sossego. Comendo minhas goiabinhas regulamentares, busco a tranqüilidade siamesa e quero ser presidente por um dia para assim entender as aflições das camadas menos favorecidas pelas propinas democráticas.

sábado, 20 de setembro de 2014

Um profícuo diálogo entre petistas

Este modesto Ornitorrinco, tendo uma ou duas certezas e umas trezentas dúvidas, divide com seus quase 9 leitores diários este diálogo de altíssimo nível, meninos e meninas.
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Copiei de Andrea Caldas

UM PROFÍCUO DIALOGO ENTRE PETISTAS 

(porque apesar de tudo, neste partido, há ainda gente que gosta de dialogar sem medo de ser feliz)

Obrigada Carlos Abicalil e Breno Altman, pelas provocações e interlocuções.

ANDREA CALDAS: É serio que o Lula condenou o financiamento privado de campanhas? Só para esclarecer: isto não vale para a campanha da Dilma que, pelos números do TSE, arrecadou mais de 100 milhões. 
Entendi certo?

CARLOS ABICALIL: Não acredito na ingenuidade nem em ignorância politica ou histórica para considerar abordagens pueris. A sociedade politica não cria a sociedade civil e um modelo de representação só rui por demanda civil. A posição de Lula e do PT sobre financiamento e coligacoes proporciomais tem muito mais de doze anos... Entramos em campo para o jogo e continuamos a batalha politica e civil pela mudança das regras na democracia representativa. Há grupos que não querem mudanças. Há outros partidos no jogo que desejam mudança. Não creio que qualquer destes seja mago. A personificação desses temas só atende a um personalismo na cena atual que ocupa temporariamente outra sigla.
A proposta de constituinte exclusiva foi apresentada pelo deputado Jose Genoino/PT e não prosperou no congresso. Talvez por carecer da mobilização social que agora pode eclodir. A candidata Dilma propos formalmente o debate ao congresso. Agora, há a chance real do movimento crescer como debate das bases sociais organizadas.
Não sera a magia, a indiferença ou a crença de que a estrutura do estado substitui a sociedade civil no enfrentamento das contradições que movem a história. Evidentemente, há quem aposte em outras vias. A clara manifestação de Lula e do PT sobre sua plataforma em plena campanha demonstra altivez frente aos financiadores que não abdicam de influenciar a politica.

ANDREA CALDAS: Assim espero. Não foi o que vimos no Congresso no recuo diante da Reforma Política chancelado pelo governo e por gente importante do PT. Mas sigamos! Só continuo não entendendo por que a candidatura Dilma é a recordista de arrecadação entre o Capital. Será que eles estao iludidos?

BRENO ALTMAN: Andrea Caldas, temos grandes concordâncias, mas dessa vez discordo. O fato de Dilma ser a campeã de arrecadação não é um distúrbio para a declaração de Lula ou para a luta pela reforma política. Ao contrário: revela que o PT ainda tem energias para reivindicar mudanças que, mesmo eventualmente o afetando a curto prazo, ajudam a radicalizar a democracia e aprofundar as mudanças. Até porque o grande nó do sistema atual não está no presidencialismo e sua forma eletiva, mas na maneira como são compostas as bancadas parlamentares, através do voto uninominal e do financiamento empresarial. No mais, por característica do sistema, qualquer que fosse o presidente, viria a ser o recordista de arrecadação, pois a lógica das doações por empresa, na disputa de cargos majoritários, tende a privilegiar quem já detém a direção dos governos.

ANDREA CALDEAS: Breno Altman, como disse, sigo torcendo. A pergunta é: por que não fizemos isto nos 12 anos? Resposta possível: porque não havia correlação de forças, por que o Congresso é conservador, etc, etc (digamos que aqui nesse pedaço não podemos deixar de mencionar a atuação protagonista de Vacarezza). Ou seja, se não mudarmos a correlação de forças isto não será possivel, de novo. Indago-lhe, se não fizemos isto no auge da popularidade de Lula e Dilma, quais os argumentos objetivos temos para convencer a geração de jovens, descrentes com a política (sou professora deles) de que agora vai! Com a campanha mais cara da história, com os tentáculos dos grupos econômicos cada vez mais enraizados, com acomodação de muitos candidatos e militantes à vida boa das campanhas caras e "profissionalizadas". De verdade, é uma duvida sincera, preciso de argumentos para seguir acreditando, que não podem ser baseados só na fé e esperança. Tenho este defeito de origem, de ser marxista e não teóloga. De toda forma, agradeço pela paciência e deferência da interlocução inteligente, que está cada vez mais rara neste nosso partido.

BRENO: Andrea Caldas, minha resposta, de tão simples, corre o risco de parecer patética: porque erramos. O PT errou, Lula errou, José Dirceu errou: em 2003 jogamos todas nossas energias no plano econômico e social, para construir uma ampla base de massa para nosso projeto de transformação, em um cenário de minoria parlamentar e de hegemonia burguesa. Achávamos, que esse era o caminho para conquistar maioria social. Foi, de fato, estratégia que trouxe maioria eleitoral presidencial, mas nos deixou aprisionados nas velhas instituições do Estado oligárquico e mercê dos poderes fáticos. Felizmente líderes petistas estão acordando dessa ilusão, desse taticismo. Isso não é uma boa notícia?

ANDREA CALDAS: Sim, aí concordamos, Breno Altman! Digamos que voce traz um bom argumento, honesto e inteligente. Só tenho medo dos compromissos assumidos nestes financiamentos. Mas, sim acredito que se mudarmos a forma de fazer a política, a começar por valorizar as instancias partidarias (e não os Institutos personalistas), se investirmos na autonomia dos movimentos sociais e não em sua mera cooptação, se avançarmos na democratização do Estado e não no nucleamento das políticas em torno do governo... Estamos juntos nesta batalha! Mais uma vez obrigada pela interlocução!

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