SOBRE O BLOGUEIRO

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Antonina, Litoral do Paraná, Palestine
Petroleiro aposentado e petista no exílio, usuário dos óculos de pangloss, da gloriosa pomada belladona, da emulsão scott e das pílulas do doutor ross, considero o suflê de chuchu apenas vã tentativa de assar o ar e, erguido em retumbante sucesso físico, descobri que uma batata distraída não passa de um tubérculo desatento. Entre sinos bimbalhantes, pássaros pipilantes, vereadores esotéricos, profetas do passado e áulicos feitos na china, persigo o consenso alegórico e meus dias escorrem em relativo sossego. Comendo minhas goiabinhas regulamentares, busco a tranqüilidade siamesa e quero ser presidente por um dia para assim entender as aflições das camadas menos favorecidas pelas propinas democráticas.

terça-feira, 30 de julho de 2013

Eis o que pensa o sestroso, simpático e enganador Papa Francisco sobre os homossexuais. Quem quiser comprar terrenos nas nuvens, bem, que compre e depois chame São Joaquim Batman Barbosa e Santa Marina Esverdeada

O Serviço de Alto Falantes Ornitorrinco cumprimenta os militantes LGBTT's presentes nesta grandiosa quermesse da hipocrisia que foi a visita do papa sestroso, e que estão em êxtase gozoso porque ele falou que não pode julgar os gays (e que a santa madre e LGBTT-fóbica igreja deve aceitá-los se estão a procura de deus) e, cumprindo sua fedorenta e desagradável faina de peidar em elevadores, em convenções partidárias e, muito especialmente, em missas e cultos, mostra esta reveladora carta aberta (copiei daqui) na qual o então Arcebispo de Buenos Aires, em 2010, Jorge Mario Bergoglio, abria sua alma sobre o casamento de pessoas do mesmo sexo.
Sim, ele pode ter mudado de opinião mas, devo dizer a bem do serviço público e dos bons costumes que tenho cara, andar, jeitão e me movimento no mundo feito um bobo absoluto. Só que não sou, meninos e meninas.

Permitam-me uma última consideração: as repetidas exortações ao (inexistente) patifão esfumaçado que vive nas nuvens, à família e à pátria tem jeito, cheiro e jeitão de fascismo, e nem vou aqui lembrar que este calhordão apoiou a sanguinária ditadura militar argentina. 
Leiam e tirem suas próprias conclusões.


"Escrevo estas linhas a vocês que estão nos quatro monastérios de Buenos Aires. O povo argentino deverá confrontar, nas próximas semanas, uma situação cujo resultado pode ferir gravemente a família. Trata-se do projeto de lei sobre o matrimônio de pessoas do mesmo sexo.
Aqui estão em jogo a identidade e a sobrevivência da família: pai, mãe e filhos. Está em jogo a vida de tantas crianças que serão discriminadas de antemão, privando-se do amadurecimento humano que Deus quis que se desse com um pai e uma mãe. Está em jogo o rechaço direto à lei de Deus, gravada, ademais, nos nossos corações.
Recordo uma frase de Santa Teresinha quando fala sobre sua enfermidade de infância. Disse que a inveja do Demônio quis cobrar em sua família a entrada de sua irmã maior ao convento de Carmelo. Aqui também está a inveja do Demônio, através da qual entrou o pecado no mundo, que de modo arteiro pretende destruir a imagem de Deus: homem e mulher receber o mandato de crescer, multiplicar-se e dominar a terra. Não sejamos ingênuos: não se trata de uma simples luta política. É a pretensão destrutiva ao plano de Deus. Não se trata de um mero projeto legislativo (este é meramente o instrumento), mas de uma “movida” do pai da mentira que pretende confundir e enganar os filhos de Deus.
Por isto, recorro a vocês e lhes peço oração e sacrifício, as duas armas invencíveis que Santa Teresinha confessava ter. Clamem ao Senhor para que envie o Espírito aos senadores que hão de dar seu voto. Que não o façam movidos pelo erro ou por situações de conjuntura, mas segundo o que a lei natural e a lei de Deus os prescreve. Peçam por eles, por suas famílias; que o Senhor os visite, os fortaleça e console. Peça para que eles façam um bem à Pátria.
O projeto de lei será tratado no Senado depois de 13 de julho. Olhemos para São José, Para Maria, para o Filho, e peçamos com fervor que eles defendam a família argentina neste momento. Recordemo-los aquilo que Deus mesmo disse a seu povo em um momento de muita angústia: “esta guerra não é vossa, mas de Deus”. Que eles nos socorram, defendam e acompanhem nesta guerra de Deus.
Obrigado pelo que farão nesta luta pela pátria. E, por favor, também peço a vocês que rezem por mim. Que Jesus as abençoe e a Virgem Santa Maria cuide de vocês.
Com carinho,
Cardeal Jorge Mario Bergoglio, arcebispo de Buenos Aires"

segunda-feira, 29 de julho de 2013

Sobre a violência cristã


(por sugestão de Luciano Cequinel)


Eu estou de fato impressionada. Agora que a pauta é direitos das mulheres, todo mundo que estava posando de "crítico" simplesmente COMPRA, sem questionar, a versão da Globo sobre o que rolou na Marcha das Vadias do Rio.

A versão da Globo é a de que "manifestantes mascarados quebraram estátuas de santas". Não sejam tolos. Não caiam nessa. Desconfiem. Essa percepção é totalmente distorcida. O que rolou foi uma performance artística, passível de diversas interpretações.

Ao comprar a versão da Globo, vocês estão desconsiderando:

1) a luta pelo direito das mulheres ao próprio corpo, na qual a Igreja Católica é inimiga, enquanto instituição;

2) as metáforas muito usadas em Marchas das Vadias, com a palavra "santa" ("Nem santa, nem puta" / "todas santas, todas putas");

3) a oposição central católica entre "ser santa" e "ser vadia/puta" e a condenação, com a palavra "vadia" ou "puta", das mulheres que exercem sua liberdade sexual e lutam para exercê-la sem serem castigadas ou criminalizadas por isso;

4) a indignação geral nas últimas semanas com o espaço dado (inclusive com dinheiro público) a uma única religião, que tem uma influência política enorme no Estado brasileiro desde sempre;

5) o fato de que a JMJ distribuiu panfletos e materiais de marketing para reforçar as pautas anti-liberdade das mulheres e de outras minorias durante toda sua duração;

6) o fato de que a Igreja Católica, enquanto instituição, promove ativamente políticas contras as mulheres e contras minorias sociais há muitos, muitos, muitos, muitos séculos;

7) o fato de que as mulheres são, sim, em nossa sociedade, uma minoria social (é tão difícil assim lembrar, poxa?), oprimidas por valores que são há tantos séculos bandeira dessa instituição.

Em suma, gente: por que vocês estão ignorando TODO o CONTEXTO em que a coisa ocorre e comprando acriticamente a ideia de que o absurdo é quebrar meia dúzia de estátuas? 

Absurdo, meus caros e minhas caras, é a Igreja Católica ter influência no Estado; promover ativamente campanhas contra direitos de minorias; promover o Estatuto do Nascituro; valorizar embriões em detrimento da vida das mulheres (lembram da menina de 13 anos em Pernambuco? já esqueceram? e da moça lá na Nicarágua?); impedir que a ciência avance pois possíveis embriões são mais importantes do que milhares de pessoas em busca de curas, tratamentos, melhorias de vida?

ISSO é absurdo.

Quebrar meia dúzia de estátuas que representam essa opressão milenar contra as mulheres não me parece nada absurdo.

(a não ser que você seja daqueles que acha "vandalismo" o pessoal da Maré quebrar um Caveirão; mas aí, chapa, eu me recuso a debater contigo)

A santa madre e hipócrita igreja católica não quer respeito, quer é silêncio!

Copiei de Juno Cremonini

Vocês assistiram com a gente na aula de história sobre a guerra santa e sobre a inquisição.

Vocês assistiram com a gente na tevê sobre as bruxas queimadas na fogueira e as pessoas pagãs perseguidas e suas religiões aniquiladas.

Vocês leram com a gente nos livros sobre as conexões tão de pertinho dos Papas com os mais abjetos governos da história, incluindo a Alemanha Nazista.

Vocês assistiram com a gente quando o Papa ficou em silêncio diante dos casos de pedofilia.

Vocês assistiram com a gente quando mais um ano virou e a Igreja ainda ativamente fazia lobby contra o aborto.

Vocês assistiram com a gente quando mais um ano virou com a Igreja fazendo firme oposição ao casamento igualitário.

Vocês assistiram quando o pensamento cristão dentro de casa fez a juventude sexodiversa ser agredida, e a mulher ser agredida.

Vocês assistiram com a gente quando mais um ano virou com a Igreja sendo contra o uso do preservativo frente à situação crítica nos países que ela alega ajudar.

Vocês assistiram com a gente quando mais um ano virou e ainda tinham missões cristãs catequizando índios, 513 anos depois do descobrimento.

Vocês assistiram quando mais uma mulher foi relegada à posição de inferior dentro da sua casa por causa do que a religião ensinou ao seu marido e a ela.

Vocês assistiram quando o povo de santo foi estigmatizado pelo cristianismo, demonizado, e teve seus terreiros invadidos.

Vocês assistiram quando a Igreja acumulou a fortuna que acumulou em seu Estado próprio, no seu castelo próprio.

Vocês assistiram com a gente quando mais um ano virou e a Igreja continuava sendo uma instituição riquíssima diante da miséria.

Vocês assistiram com a gente quando o Papa veio ao Brasil e tirou foto com o BOPE, andou de Fiat, e participou da JMJ.

Vocês assistiram com a gente quando essa jornada distribuiu fetos de plástico para fomentar o sentimento misógino anti-escolha nas pessoas que dela participavam.

Vocês assistiram com a gente quando essa jornada distribuiu material educativo transfóbico, binarista e heterossexista.

E quando nós reagimos, vocês disseram que era demais.

Quando nós reagimos, vocês disseram que não era pra tanto.

Disseram que a gente precisa respeitar para ser respeitado.

Vocês assistiram com a gente a cada soco sem justificativa. A cada porrada baseada só no conservadorismo, e sem nenhum motivo de ninguém ter faltado com respeito algum com a religião. Era só dogma. A cada ano a Igreja reiniciou seu trabalho contra nós, e vocês assistiram.

Eis que reagimos, e vocês nos tratam como se fossemos nós quem começamos essa guerra.

Vão à merda vocês.

domingo, 28 de julho de 2013

A quebra das imagens e o vandalismo medieval do cristianismo

Para quem torceu o nariz com a quebra de imagens religiosas durante a Marcha das Vadias, na condição de pai de um filho gay e de uma filha lésbica permito-me lembrar que, até 28 de julho de 2013, 159 pessoas LGBTT's foram assassinadas no Brasil varonil (veja aqui).

A meu juízo, a matança tem como mandantes intangíveis católicos (a começar pelo papa) e evangélicos que, a pretexto de pregação religiosa, vomitam recorrente discurso de ódio que empresta, à faina sinistra dos assassinos, ares de missão divina.

De outra banda, eu não esqueci que tramita a excrescência chamada Estatuto do Nascituro e que, mais ainda, a santa madre, sexista, machista e misógina igreja católica pressiona a Presidenta Dilma para que vete (saiba mais aqui) lei aprovada no Congresso Nacional que obriga todos os hospitais públicos a prestarem atendimento, em caráter emergencial e multidisciplinar, às vítimas de violência sexual (oferecendo, por exemplo, a chamada pílula do dia seguinte).

Não, eu não quebraria nenhuma imagem ridícula (nem a da virgem, nem a de um deus trombudo qualquer) e, se pudesse, tentaria impedir que o fizessem, mas como pai tenho o dever incontornável de defender a vida dos meus filhos que não são meras e patéticas imagens de gesso.

Não me peçam paciência, finesse, boa educação e tolerância com o vandalismo medieval do cristianismo hipócrita.

Eu não dou a outra face e, que fique bem assentado, muito menos a dos meus filhos.

sábado, 27 de julho de 2013

Vá tomar no seu cuzão hipócrita, papa Francisco!

Os discursos medievais do sorridente, simpático, bonachão e enganador papa que apoiou a ditadura que matou e fez sumir mais de 30 mil argentinos, sinto muito, causam-me ânsias de vômito, uma depois da outra, até o ponto de exaurir-me.
Este calhorda hipócrita que veste-se de branco reafirma a agenda medieval da santa madre igreja que, em nome de um inexistente patifão esfumaçado que vive nas nuvens, criminaliza o aborto e é radicalmente LGBTT-fóbico, misógino, sexista, intolerante e excludente e, pela virgem distraída, emprenhada pelo ricardão alado, considera ter o bizarro "direito" de, na condição de chefe religioso e de estado, em território brasileiro, vir aqui cagar regras sobre ética na política.
Você é um completo filho da puta Francisco de falsidades, de silêncios cúmplices e de apoios por debaixo dos panos à ditadura de Videla (que você ouviu em confissão, seu escrotão), e você vem ao Brasil fazer discurso sobre ética na política.
(Interrompo minha narrativa e vou ali vomitar. Pronto, estou de volta com a boca meio azeda).
Vá limpar, merdão sorridente, as estrebarias vaticanas sujas, emporcalhadas pela pedofilia que vocês escondem e protegem, vá resolver a corrupção infinita da lavanderia de grana criminosa que rola no banco criminoso que até mesmo a União Européia em colapso quer enquadrar.
Aos 61 anos e tendo umas 800 mil dúvidas, tenho pelo menos uma certeza: qualquer lazarento - como você, deixo claro - que seja tão claramente apoiado e incensado pela rede globo, notória sonegadora de impostos e da verdade, apoiadora de ditaduras (como você, seu jaguara sorridente!), qualquer lazarento como você, eu dizia, haverá de merecer deste pai de 6 filhos e avô de 7 netos a seguinte declaração: vá tomar no seu cuzão fedido, papa francisco e, por oportuno, vá para a puta que te pariu!
Vá dar lições de ética para os jaguaras que acham que você é infalível.

Manifestações espontâneas? Tenho cara de bobo, mas não sou bobo!

Então ontem em São Paulo e em Minas Gerais os mascarados redentores fizeram violentos protestos contra Sérgio Cabral que governa, se bem entendi, o Rio de Janeiro.

Abro parêntesis. A produção me confirma que Sergio Cabral, do PMDB, aliado do PT, governa realmente o Rio de Janeiro e meu assistente de palco afirma que São Paulo e Minas têm governadores do PSDB. Fecho parêntesis, embora meio desconfiado.

É que tem um bando de intelectuais de esquerda - alguns sem nenhuma máscara! - que nos tranquilizam e garantem que tais manifestações são lindamente espontâneas, e os mascarados da liberdade surgiram assim do nada, do facebook, das redes sociais, do cu do boi barroso e, os mais céticozinhos, por assim dizer, até arriscam falar da doce putinha ianque e golpista que os pariu, e os mais descolados e pós-modernos balbuciam que tudo é uma "coisa" assim sei lá, quase revolucionária, entendem?

Não sabendo nem mesmo usar crase e hífen e não sendo intelectual nem orgânico, nem transgênico, tenho me virado desde os anos 80 nas greves, passeatas, marchas e ocupações e nas quebradas da vida com meu primeiro grau completinho da silva e, reconheço de plano, tenho cara, jeitão e andar de bobo.

Mas não sou bobo.

sexta-feira, 26 de julho de 2013

A insustentável leveza da merda religiosa

Processarei Marcos Bagno por concorrência desleal e predatória. Falar e escrever palavrões é uma das minhas marcas registradas. Assim não vale.
---xxx---
Copiei de Marcos Bagno

Não tem nenhum argumento racional que possa defender as indefensáveis posições da Igreja Católica Romana nesse século 21. Para começar, uma igreja que é regida como monarquia absolutista já diz muito de si: democracia zero, último fragmento do Império Romano. Aborto e drogas são QUESTÕES DE SAÚDE PÚBLICA e os religiosos não têm que dizer nada sobre isso, até porque só dizem MERDA. Relações homoafetivas são justas, naturais, legítimas como quaisquer relações afetivas. Quem for contra isso que vá à MERDA e fique lá chafurdando na MERDA. Sendo assim, MERDA na Igreja Católica! MERDA no Papa! E MERDA na cabeça já cheia de MERDA de quem tenta defender o indefensável. Vão ler e entender a verdadeira mensagem de Cristo nos evangelhos, que ficaria horrorizado com tanta MERDA feita em seu nome. Ele foi um revolucionário, mas agora usam seu nome para tentar conservar ideias que ele jamais pregou! MERDA nessa gente de MERDA!

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Perguntas de um velhote ignorante para os coxinhas de merda, para os revoltadinhos de condomínio e para a esquerdalha criada a iogurte e sucrilho, aquela que pretende nos purificar com o fogo santificado do superior vanguardismo punheteiro

1. Você é a favor das cotas sociais para ingresso de negros, indígenas e pobres nas universidades públicas ou é contra tudo isso que aí está?

2. Você é a favor do Programa Bolsa Família ou é contra tudo isso que aí está?

3. Você é a favor do Prouni ou é contra tudo isso que aí está?

4. Você é a favor do Programa Mais Médicos ou é contra tudo isso que aí está?

5. Você ficou feliz quando a CPMF foi derrubada no Senado e retirou uns 40 bilhões/ano de recursos para a saúde ou é contra tudo isso que aí está?

6. Você é a favor da redução da maioridade penal ou é contra tudo isso que aí está?

7. Você sabe o que significa a sigla PEC? Jura que sabe, seu bosta, ou é contra tudo isso que aí está? 

8. Você sabe que dia é hoje ou é contra tudo isso que aí está?

9. Você sabe o que significa a sigla PQP ou é contra tudo isso que aí está?

10. Você já experimentou, coxinha fascista de merda, enfiar seu dedão golpista no cu e rasgar de inopino, ou é contra tudo isso que aí está?

11. Você sabe onde está, coxinha fascista de merda? 

12. E você, esquerdinha punheteiro, já encontrou seu pintinho que já era diminuto antes deste frio polar?

O futuro do atual levante niilista

Copiei de O Cafezinho

Por Wanderley Guilherme dos Santos

Regras democráticas e direitos constitucionais não transferem suas virtudes às ações que os reivindicam como garantia. Máfias e cartéis econômicos também são organizações voluntárias e nem por isso o que perpetram encontra refúgio na teoria democrática ou em dispositivos da Constituição. Esgueirar-se entre névoas para assaltar pessoas ou residências não ilustra nenhum direito de ir e vir, assim como sitiar pessoas físicas ou jurídicas em pleno gozo de prerrogativas civis, políticas e sociais, ofendendo-as sistematicamente, nem de longe significa usufruir dos direitos de agrupamento e expressão. Parte dos rapazes e moças que atende ao chamamento niilista confunde conceitos, parte exaure a libido romântica na entrega dos corpos ao martírio dos jatos de pimenta, parte acredita que está escrevendo portentoso capítulo revolucionário. São estes os subconjuntos da boa fé mobilizada. Destinados à frustração adulta.

É falsa a sugestão de que se aproximam de uma democracia direta ou ateniense da idade clássica. Essa é a versão de jornalistas semi-cultos que ignoram como funcionaria uma democracia direta e que crêem na versão popularesca de que Atenas era governada pelo Ágora – uma espécie de Largo da Candelária repleto de mascarados e encapuzados trajando luto. Os Ágoras só tratavam de assuntos locais de cada uma das dez tribos atenienses. Em outras três instituições eram resolvidos os assuntos gerais da cidade, entre elas a Pnyx, que acolhia os primeiros seis mil atenienses homens que lá chegassem. Ali falava quem desejasse, apresentassem as propostas que bem houvessem e votos eram tomados. Os nomes dos proponentes, porém, ficavam registrados e um conselho posterior avaliava se o que foi aprovado fez bem ou mal à cidade. Se mal, seu proponente original era julgado, podendo ser condenado ao confisco de bens, exílio ou morte. A idéia de democracia direta como entrudo, confete e um cheirinho da loló é criação de analistas brasileiros.

As cicatrizes que conquistarem nos embates que buscam não semearão, metaforicamente, sequer a recompensa de despertar o País para a luta contra uma ditadura (pois inexistente), apesar de derrotados, torturados e mortos – reconhecimento recebido pelos jovens da rebelião armada da década de 70. Estão esses moços de atual boa fé, ao contrário, alimentando o monstro do fanatismo e da intolerância e ninguém os aplaudirá, no futuro, pelo ódio que agora cultivam, menos ainda pelas ruínas que conseguirem fabricar. Muito provavelmente buscarão esconder, em décadas vindouras, este presente que será o passado de que disporão. Arrependidos muitos, como vários dos participantes do maio de 68, francês, cuja inconseqüência histórica (e volta dos conservadores) é discretamente omitida nos panegíricos.

Revolução? – Esqueçam. Das idéias, táticas e projetos que difundem não surgirá uma, uma só, instituição política decente, democrática ou justa. Não é essa a raiz dessa energia que os velhotes têm medo de contrariar. É uma enorme torrente de energia, sem dúvida, mas é destrutiva tão somente. E mais: não deseja, expressamente, construir nada. Sob cartolinas e vocalizações caricaturais não se abrigam senão balbucios, gagueira argumentativa e proclamações irracionais. Os cérebros do niilismo juvenil sabem que não passam de peões, certamente alguns muitíssimo bem pagos, talvez em casa, a atrair bispos, cavalos e torres para jornadas de maior fôlego. Afinal, os principais operadores da ordem que se presumem capazes de substituir são seus pais e avós. Em cujas mansões se escondem, no Leblon e nos Jardins.

quarta-feira, 24 de julho de 2013

EU, EU, EU, O PAPA SE FODEU!

Copiei a imagem daqui
 

Este Ornitorrinco não resistiu e, boquirroto como sempre, proclamou: "EU, EU, EU, O PAPA SE FODEU!"

Disse-me então o assessor de imprensa (muito) mal pago que mantenho: "credo, Cequinel, não seja tão grosseiramente intolerante!"

Devolvi a impertinência perguntando ao insolente aspone: "intolerante com o papa ou com o cantorzinho de merda?" e, por muito oportuno, "seu pagamento será feito no dia 25, não se esqueça!"

O querido aspone, assim de inopino, responde: "não é que o senhor sempre tem razão?"

Em Niterói, o primeiro escracho papal

Minha querida amiga Rosangela Basso divide conosco esta sua comovedora experiência com a visita do Papa.

"Pronto! Já dei o meu primeiro escracho papal. Estou na fila do restaurante e a moçada, que só anda em bando, chegou e com toda a cara de pau que Deus lhe deu, começa a furar a fila, era só uns 50 jovens. Aí do nada, porque como todos sabem eu sou a cara da elegância, rs, saiu da minha boca um grito:

EI!!!!!! Ei!!!! Moçada Jesuis Cristinho ama EDUCAÇÃO E RESPEITO ÀS FILAS!!!! Portanto, o negócio é entrar na fila e aproveitar o tempo que vai demorar e meditar, orar em agradecimento a comida que todos vão comer!

Silêncio papal e fila arrumadinha em segundos.

A filha que estava bem a frente, me olha e pergunta: Qual foi o motivo do barraco do dia?????? KKKKKKKKKKKKKKKKKKK".

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Eu só produzo asneiras, besteiras, porteiras, bananeiras, frasqueiras, caganeiras, casqueiras, porqueiras e tranqueiras das mais abomináveis

A propósito desta minha nauseabunda postagem, um cocozão anônimo traz esta notável opinião:

"Nunca li tanta asneira em tão poucas linhas!"

Com fulcro na legislação aplicável e pelo respeito incondicional que devo para a puta sem nome que o pariu devo reconhecer, de plano, que você tem razão, anônimo de merda das 18:07 h: eu só produzo asneiras, besteiras, porteiras, bananeiras, frasqueiras, caganeiras, casqueiras, porqueiras e tranqueiras das mais abomináveis mas, veja como são as coisas, esta copiosa, fedida e dispensável produção tem sempre meu nome, meu sobrenome e minha cara, e haverá uma singela lápide em meu túmulo: "aqui jaz Paulo Roberto Cequinel, produtor copioso e descontrolado de porcarias em geral."

Já você, um bosta a vagar pelos esgotos do anonimato, um valentão virtual que se esconde nas sombras que acolhem os sem nome, será melancolicamente enterrado na ala dos indigentes, sub-ala dos indigentes morais. 

Depois de 5 anos, espero que seus ossos sejam destinados a alguma faculdade de medicina. 

Você terá, então, alguma serventia.

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Médicos coxinhas, autênticos jaguaras de jaleco, patrulham as fronteiras do engenho corporativo: dentro delas não cabem os pobres do Brasil

Copiei de Carta Maior

Raízes do Brasil: no levante dos bisturis, ressoa o engenho colonial

Credite-se à elite brasileira façanhas anteriores dignas de figurar, como figuram, nos rankings da vergonha do nosso tempo.
A seleta inclui a resistência histórica à retificação de uma das piores estruturas de renda do planeta.
Ademais de levantes bélicos (32,62,64 etc) contra qualquer aroma de interferência num patrimônio de poder e riqueza acumulado por conhecidos métodos de apropriação.
O repertório robusto ganha agora um destaque talvez inexcedível em seu simbolismo maculoso.
A rebelião dos médicos contra o povo.
Sim, os médicos, aos quais o senso comum associa a imagem de um aliado na luta apela vida, hoje lutam nas ruas do Brasil.
Contra a adesão de profissionais ao programa ‘Mais Médicos', que busca mitigar o atendimento onde ele inexiste.
A iniciativa federal tem uma dimensão estrutural, outra emergencial.
A estrutural incorpora as unidades de ensino à política de saúde pública. Prevê um currículo estendido em dois anos de serviços remunerados no SUS.
Prevê, ademais, investimentos que dotem os alvos emergenciais de estruturas dignas de atendimento.
A ação transitória requisitará contingentes médicos, cerca de 10 mil inicialmente, para servir em 705 municípios onde o atendimento inexiste.
Ou naqueles aquém da já deficiente média nacional de 1,8 médico por mil habitantes ( na Inglaterra, pós Tatcher, diga-se, é de 2,7 por mil).
Enquadram-se neste caso outros 1.500 municípios.
O salário oferecido é de R$ 10 mil.
O programa recebeu cerca de 12 mil inscrições.
Mas o governo teme a fraude.
A sublevação branca incluiria táticas ardilosas: uma corrente de inscrições falsas estaria em operação para inibir o concurso de médicos estrangeiros, sobre os quais os nacionais tem precedência.
Consumada a barragem, desistências em massa implodiriam o plano do governo no último dia de inscrição.
Desferir o golpe de morte com a manchete do fracasso estrondoso caberia à mídia, com larga experiência no ramo da sabotagem antipopular e antinacional.
A engenharia molecular contra a população pobre constrange o Brasil.
Cintila no branco da mesquinhez a tradição de uma elite empenhada em se dissociar do que pede solidariedade para existir: nação, democracia, cidadania.
O boicote ao ‘Mais Médicos’ não é um ponto fora da curva.
Em dezembro de 2006, a coalizão demotucana vingou-se do povo que acabara de rejeita-la nas urnas.
Entre vivas de um júbilo sem pejo, derrubou-se a CPMF no Congresso.
Nas palavras de Lula (18/07): "No começo do meu segundo mandato, eles tiraram a CPMF. Se somar o meu mandato mais dois anos e meio da Dilma, eles tiraram R$ 350 bilhões da saúde. Tínhamos lançado o programa Mais Saúde. Eles sabiam que tínhamos um programa poderoso e evitaram que fosse colocado em prática".
As ruas não viram a rebelião branca defender, então, o investimento em infraestrutura como requisito à boa prática médica, ao contrário de agora.
A CPMF era burlada na sua finalidade?
Sim, é verdade.
Por que não se ergueu a corporação em defesa do projeto do governo de blindar a arrecadação, carimbando o dinheiro com exclusividade para a saúde?
O cinismo conservador é useiro em evocar a defesa do interesse nacional e social enquanto procede à demolição virulenta de projetos e governos assim engajados.
Encara-se o privilégio de classe como o perímetro da Nação. Aquela que conta.
O resto é sertão.
A boca do sertão, hoje, é tudo o que não pertence ao circuito estritamente privado.
O sertão social pode começar na esquina, sendo tão agreste ao saguão do elevador, quanto Aragarças o foi para os irmãos Villas Boas, nos anos 40, rumo ao Roncador.
Sergio Buarque de Holanda anteviu, em 1936, as raízes de um Brasil insulado em elites indiferentes ao destino coletivo.
O engenho era um Estado paralelo ao mundo colonial.
O fastígio macabro fundou a indiferença da casa-grande aos estalos, gritos e lamentos oriundos da senzala ao lado, metros à vezes, da sala de jantar.
Por que os tataranetos se abalariam com a senzala das periferias conflagradas e a dos rincões inaudíveis?
Ninguém desfruta 388 anos de escravidão impunemente.
Os alicerces do engenho ficaram marmorizados no DNA cultural das nossas elites: nenhum compromisso com o mundo exterior, exceto a pilhagem e a predação; usos e abusos para consumo e enriquecimento.
A qualquer custo.
O Estado nascido nesse desvão tem duas possibilidades aos olhos das elites: servi-la como extensão de seus interesses ou encarnar o estorvo a ser abatido.
A seta do tempo não se quebrou, diz o levante branco contra o 'intervencionismo'.
O particularismo enxerga exorbitância em tudo o que requisita espírito público.
Mesmo quando está em questão a vida.
Se a organização humanitária ‘Médicos Sem Fronteiras' tentasse atuar no Brasil, em ‘realidades que não podem ser negligenciadas', como evoca o projeto que ganhou o Nobel da Paz, em 1999, possivelmente seria retalhada pela revolta dos bisturis.
Jalecos patrulham as fronteiras do engenho corporativo; dentro delas não cabem os pobres do Brasil.
Postado por Saul Leblon às 10:33

Em junho as ruas disseram "queremos muito mais PT!"

As ruas não pediram, como disse muito bem Dilma Rousseff, para que voltássemos aos anos 90 de Collor e de FHC. Ao contrário, 
pediram mais PT, digo eu, arriscando todas as minhas (poucas) fichas. 
Pediram mais esquerda, mais avanços, mais pra frente, mais além. 
As ruas querem o PT que não fazia xixi na caixinha de areia ali naquele cantinho da área de serviço e estão a dizer "porra, PT, mas vocês também arrecuaram os arfe?"
As ruas querem a regulação da mídia e querem que suas relações com a ditadura de 1964 sejam plena e completamente explicitadas, e querem o governo federal enfrentando os milicos que, nunca devidamente confrontados, arreganham os dentes e, em 2010, Dilma eleita no 2º turno, decidiram que o paraninfo na turma de formandos da Academia Militar das Agulhas Negras seria o filho da puta do Médici. As ruas querem a verdade e a punição exemplar dos milicos que torturaram (inclusive crianças), que fizeram sumir pessoas, e que tinham como política de estado a tortura.
As ruas querem que o governo enfrente a imundície que se reúne na pocilga fedorenta da frente parlamentar evangélica e trate de defender e de promover políticas públicas que promovam a cidadania LGBTT e interrompam a matança que dá ao Brasil o vergonhoso título de campeão mundial de assassinatos de LGBTTs. 
As ruas querem que o governo - este nosso governo - pare com esta punhetagem calhorda de "segurança jurídica" como argumento para congelar os processos de demarcação das terras indígenas, até porque quem pode, de um lado, contratar jagunços e milícias e, de outro, bancar advogados muito bem pagos, tem completa e total segurança jurídica.
As ruas querem um governo que não seja neutro, que tenha lado, que proclame estar enfaticamente ao lado das minorias e de quem precisa ter proteção clara e enfática do governo.

As ruas querem mais PT, o velho e bom PT fedidão, e não estes  "bons petistas" cheirosos, assim escolhidos pelo esgotão midiático da revista veja.
Desconfio que estes "bons petistas" ganharão muita grana sendo consultores, facilitadores, milagreiros e, em alguns casos, lobistas daqueles bem filhos-da-puta.
Desconfio que estou completamente errado mas, aos 61 anos, o Estatuto do Idoso me protege. Vocês vejam aí, meninos e meninas.

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Enquanto isso, naquele banheiro de 90 mil, são Joaquim Batman Barbosa, o candidato dos sonhos da classe mérdia, segue obrando de olho na mídia

Copiei de Olhar Jurídico
(O título acima é de minha responsabilidade)

A nudez do ministro Joaquim Barbosa

Autor: Adriano José Borges Silva

Tenho escutado muito em Brasília que somente as pessoas mais inteligentes e astutas podem ver e compreender o revolucionário espírito moralizador e o brilho judicante do Ministro Joaquim Barbosa. Seus admiradores se embriagam com a inflexível e mais íntegra justiça emanada da sua pena e do seu verbo, sempre rica em princípios republicanos, de raríssima intelectualidade e exótica (por não ser costumeira) firmeza contra a impunidade – diz o próprio Ministro e o eco dos seus discípulos numa eterna vigília da lei e da ordem em câmara ardente. Diante de tanto ouro, prata e seda; enfim, tantas loas tecidas para o Ministro Presidente do Supremo Tribunal Federal, não consigo afastar meu pensamento do conhecidíssimo conto “a roupa nova do rei”.

Voltemos à realidade: em 14 de março de 2013, o Ministro Joaquim Barbosa, ao negar o pedido de restituição de bens apreendidos do publicitário Duda Mendonça e sua sócia, fez coro ao parecer exarado pelo Procurador Geral da República, Roberto Gurgel, sob o seguinte fundamento: “embora Duda e Zilmar tenham sido absolvidos, remanesce a possibilidade, ainda que remota, de alteração desse quadro, caso esta Corte, por exemplo, venha a acolher embargos de declaração a serem eventualmente opostos pela acusação”.

Conforme consta da decisão do Ministro Joaquim Barbosa, “o procurador-geral da República, na petição nº 9.491/2013, manifesta-se contrariamente ao pleito, tendo em vista a ‘possibilidade de modificação do julgado em sede de embargos de declaração’”.

À luz, portanto, da motivação decisória do Presidente do Supremo Tribunal Federal, denota-se peso e medida (tanto do Ministro, quanto do Procurador Geral da República) sobre embargos de declaração interpostos em ações penais em trâmite na Corte Constitucional (especificamente, inclusive, na AP 470): é possível a modificação do julgado em sede dessa espécie recursal!!!

Pois bem, interpostos embargos de declaração pelos réus da Ação Penal 470, sem nenhuma surpresa para esse articulista, o peso altera-se e a medida diverge: em viagem à Costa Rica, o Ministro Joaquim Barbosa afirmou – segundo diversas fontes jornalísticas - que “tecnicamente, os embargos de declaração no processo do mensalão não teriam poder de mudar o resultado do julgamento, como pediram os réus”.

Afinou-se, portanto, à manifestação do procurador-geral da República no sentido de que os embargos de declaração não poderão reduzir penas ou levar a absolvições: "a posição da PGR é no sentido de que não se pode obter pelos embargos de declaração qualquer alteração na decisão, inclusive quanto à dosimetria da pena". A PGR, como promovedor de qualquer ação penal, não tem o dever de ser imparcial e sua posição – apesar de descurar-se do fair-play – é juridicamente aceitável.

O mesmo raciocínio não se aplica aos julgadores. A esses protagonistas que detém o poder-dever jurisdicional, a imparcialidade não se espera, se exige!!! Ora, a pouco, o próprio Ministro revelou seu posicionamento na respeitável decisão já mencionada, que negou a restituição de bens do Duda Mendonça e sua sócia, afirmando que a alteração do quadro – embora remota – seria possível em sede de embargos de declaração. Entende-se: seja para absolver quem já fora condenado ou condenar quem já fora absolvido.

Não é crível que um Ministro da Suprema Corte exare peso e medida específicos e exclusivos para o órgão acusador, uma vez que - até onde se sabe – o Brasil ainda vive sob um regime democrático de direito. E o velho ditado popular se aplica com perfeição até mesmo na Corte Constitucional: “pau que dá em Chico, dá em Francisco”.

Vê-se, diante desse gráfico confuso, a inelutável constatação que o próprio Ministro Presidente da Suprema Corte do Brasil nos revela a sua própria nudez, ao admitir possuir diversos pesos e inúmeras medidas, o que já era – diga-se de passagem – de conhecimento de todos. 

Muitos jornalistas, como os ministros fictícios do rei, soltam suspiros de admiração pela coragem do Ministro Joaquim Barbosa (nesse ponto não sei dizer se verdadeiros ou falsos) e açulam a vaidade – que já transborda em níveis internacionais – do nobre e supremo Magistrado.

Se os embargos de declaração interpostos vão ou não modificar o resultado do julgamento já proferido é outra discussão. O que não se admite em nenhum país civilizado e sujeito a um regime democrático de direito, onde princípios republicanos e garantias individuais estão constitucionalmente previstos de forma explícita e rigorosamente resguardados, é que o órgão acusador possua vantagens indevidas sobre a defesa, por pior que seja o crime ou mais cruel seja o criminoso, sob pena de inversão da lógica jurídica contemporânea.

Mais tenebroso ainda e revelador da sua natureza despótica, é quando o Ministro Presidente do Supremo Tribunal Federal revela possuir pesos e medidas diferentes por baixo da sua toga e que ao seu bel prazer ou interesse lhe é facultado utilizar-se de uns ou de outras, conforme o seu humor do dia. Com todas as vênias, não vislumbro o julgamento do Mensalão como sendo político, mas – por outro lado – com toda certeza o ilustre Ministro Joaquim Barbosa não permaneceu distante do caso o suficiente para ser possível atestar com precisão a sua esperada imparcialidade. 

Ao contrário, suas declarações napoleônicas sobre o caso, aliado ao desrespeitoso comportamento durante as sessões de julgamento, notadamente no que se refere às desnecessárias e rasteiras agressões verbais aos demais Ministros que ousaram dele divergir, denotam tratar-se muito mais de uma cruzada pessoal do que um julgamento como outro qualquer.

Nessa toada, o julgamento dos diversos embargos de declaração ofertados na AP 470 caminham para a devida apreciação na Suprema Corte Constitucional e o Ministro Joaquim Barbosa – infelizmente - engendra, orgulhosamente, marcha exibicionista e midiática, como sua majestade do clássico conto dinamarquês, talvez a esperar que algum espírito ingênuo e de pureza infantil grite a plenos pulmões – parafraseando Hans Christian Andersen – O MINISTRO ESTÁ NU!!! 

Adriano José Borges Silva
OAB/BA 17.025 

terça-feira, 16 de julho de 2013

Entre Maria Louca e Maria Maluquinha tem um Bolsa Família, mas a classe mérdia e os coxinhas jaguaras jamais entenderão isso

Copiei desta louca menina que proclama

Entre Maria Louca e Maria Maluquinha tem um Bolsa Família.
Por: Rita de Cássia de Araújo Almeida
Psicanalista, Trabalhadora de CAPS da Rede de Saúde Mental do SUS

Este texto tem uma personagem: Maria. Maria é um nome fictício, mas tudo mais é real, tão real que muitos leitores vão pensar que é ficção.

No início da nossa história Maria é pobre, muito pobre, na verdade, Maria é miserável. Sem nenhuma renda, ela e sua única filha vivem da caridade e da boa vontade de pessoas e instituições. Maria também tem pouquíssima escolaridade, parece uma personagem tirada daquele programa de humor que é a cara da pobreza da nossa TV. Maria fala “pobrema” (problema), “risistente social” (assistente social), “conselho titular” (conselho tutelar), “presentivo” (preventivo), “elétrico” (eletroencefalograma) dentre outras pérolas. Além de tudo Maria é louca, e ela geralmente, concordava com este rótulo que lhe davam. Com algumas passagens por hospícios da região, confessava: “nunca tive cabeça boa pra trabalhar”.

Mas atualmente, Maria não aceita mais ser chamada de louca, se considera uma “maluquinha”. Mas para fazer a travessia de louca para maluquinha, passaram-se quase 10 anos, e muita coisa aconteceu nesse caminho, incluindo um abençoado Bolsa Família. Eu sempre tive vontade de escrever um texto sobre o Bolsa Família e achei apropriado usar a história de Maria para fazê-lo. 

Em 17 anos de trabalho em serviços de Saúde Mental do SUS (CAPS), lidando diariamente com pessoas, em geral, pobres, muito pobres ou miseráveis, aprendi uma coisa que só a experiência ensina. Existe uma diferença descomunal, abissal, entre ser pobre e ser miserável. Quem não lida cotidianamente com a população mais humilde, talvez conheça os pobres, mas não conhece os miseráveis, já que eles são “invisíveis a olho nu”. E esse seria o mesmo destino de Maria, ser invisível, mas afinal, sua loucura incomodou e obrigou que a enxergássemos. Foi assim que tomamos conhecimento de Maria, a louca, sem pai nem mãe, rejeitada pela família, em sua miséria absoluta, dependendo do que encontrava no lixo, de favores ou da caridade alheia para sobreviver com sua filha.

Quando ouço pessoas que criticam o Bolsa Família ou outro programa de transferência de renda, dizendo que ele acostuma mal as pessoas, estimula a preguiça e desvirtua o caráter, sinto vontade de vomitar. Quem diz isso, definitivamente, não sabe o que é miséria. Quem faz esse tipo de afirmação tosca e preconceituosa, para usar palavras publicáveis, nunca passou pela situação de encontrar em R$ 70,00 algum alento. Com pouquíssima probabilidade de errar, ninguém que está lendo agora este texto sabe, na carne, o real valor de R$ 70,00. Maria sabe. Muitos aqui vão duvidar, mas R$ 70,00 ou R$ 130,00 (média nacional do valor repassado para cada família com o Bolsa Família), é capaz de reduzir o enorme abismo entre a miséria e a pobreza, e com isso, viabilizar um status inicial necessário para acessar qualquer outro tipo possível de justiça social: ser visto. 

E R$ 70,00 fez muita diferença na vida de Maria, não só pelo valor, mas porque em mais de 30 anos de vida, esse foi o primeiro dinheiro que ela conseguiu que não fosse por caridade ou proveniente de algum dos homens com os quais, eventualmente, se aventurava a morar. Isso porque o Bolsa Família não é tratado pelos profissionais, não pelos sérios e éticos, como um mero benefício assistencial ou uma esmola do prefeito ou do governo, mas como um direito. Sendo assim, o cartão do Bolsa Família foi o primeiro direito que Maria conquistou, depois dele, como veremos, muitos outros vieram.

Um segundo direito que Maria teve voz e força para exigir depois do primeiro, foi uma pensão alimentícia para filha. O ex-companheiro de Maria era alcoolista, raramente tinha trabalho fixo, e mesmo quando conseguia algum trabalho, não pagava pensão, regularmente. Mas Maria tinha aprendido a exigir seus direitos, e foi até às últimas conseqüências para conseguir que o pai da menina pagasse a pensão, achou até justo quando ele quase foi preso por não cumprir com a obrigação. Hoje ele paga a pensão de R$ 90,00 assiduamente, e ela assina o recibo na nossa frente (como ficou combinado na justiça), com a postura de quem aprendeu a lutar pelo seu lugar no mundo.

A loucura de Maria, que se instalou desde o nascimento da filha, continuava a lhe imputar uma incapacidade real para o trabalho formal. Sua irritabilidade e instabilidade emocionais faziam de qualquer relação possível com o outro, um inferno. Mesmo dentro do CAPS, eram comuns suas agressões verbais e até físicas a técnicos e outros usuários. 

Maria, eventualmente, se envolvia com homens com os quais imaginava conquistar alguma segurança, mas em geral, eles obedeciam a um mesmo padrão: alcoolistas ou usuários de drogas, também pobres, com ligações familiares empobrecidas e sem trabalho fixo. Com esses homens, Maria vive relações muito conturbadas e violentas. Assim também vinha caminhando a relação com seu atual companheiro, e com o qual Maria teve um filho, hoje com 3 anos. 

Inúmeras vezes tentamos conseguir para Maria o BPC (Benefício de Prestação Continuada), que assegura um salário mínimo para idosos, ou pessoas com alguma deficiência grave, que não contribuíram com a previdência social, desde que a renda familiar per capta não ultrapasse ¼ (um quarto) do salário mínimo vigente. Mas, apesar de inúmeras tentativas, Maria não passava na perícia médica, não era considerada suficientemente incapaz para fazer juz ao benefício. 

O fato é que, após muita insistência, no final do ano passado, Maria finalmente conseguiu o BPC e assim que teve certeza de que o benefício chegaria, avisou com satisfação, que agora poderia devolver o cartão do Bolsa Família para que ele pudesse ajudar outra pessoa. Era justo que tivesse recebido o benefício por um tempo e agora, com sua nova condição assegurada, era justo que o passasse adiante. Apesar de louca e ignorante, como a maioria a considerava, Maria sabia o exato significado da palavra justiça, mesmo tendo tão pouco acesso a ela. 

Com alguns meses recebendo salário mínimo, além de poder atender suas necessidades básicas e a dos dois filhos, Maria teve melhorias subjetivas ainda mais notórias. A vaidade consigo mesma e com seu pequeno barraco (herança dos pais), que mesmo nos tempos de miséria insistiam em manter nela um pouco de orgulho, hoje se destacam e evidenciam cada vez mais seu estilo. Maria sempre gostou de bijuteria, maquiagem, sapato, bolsa e roupas e, tal como antes, ainda depende de doações para atender a esses seus caprichos. Mas hoje ela parece feliz em apenas poder se aventurar em entrar numa loja e perguntar o preço das coisas. Ontem me abordou dizendo que viu uma calça igual a que eu vestia por R$ 90,00, achou muito cara e, por isso, não comprou. Semana passada Maria compartilhou numa reunião com outros usuários do CAPS, com lágrimas nos olhos, que mês que vem irá realizar o sonho da sua vida: comprar um jogo de panelas na loja. “Meu sonho é comprar um jogo de panelas novo e colocar tudo em cima da mesa”. O projeto seguinte é colocar piso na casa, toda de chão batido.

Também existem os preconceituosos de plantão que vão criticar os que, depois de saírem do abismo da miséria, se rendem ao consumo. Então nós vivemos numa sociedade capitalista e consumista, que propagandeia o tempo todo que podemos alcançar felicidade comprando coisas e acusamos de consumistas os que estão tendo a primeira oportunidade de testar se essa teoria é verdadeira? Ah, tá!

Mas, quem acredita que uma renda mensal mínima tem apenas efeito de consumo, também se engana. Cerca de dois meses depois de Maria ter recebido seu primeiro salário mínimo questionei a ela como estava sua relação com o companheiro, perguntei se ainda se estapeavam. E ela me respondeu: “Não, agora eu não deixo mais ele me bater”. Sendo eu uma psicanalista, poderia ter interpretado a frase dela dizendo: “Mas, então, antes você deixava?” Mas não foi necessário, eu sabia exatamente porque Maria aceitava apanhar. Ao contrário do que muitos podem supor essa Maria, e muitas outras, não apanham por gosto ou costume, tampouco são fãs dos “50 tons”. Nossas Marias aceitam a violência porque acreditam que esse é o preço que têm que pagar para manter em casa seu homem e com ele algum respeito, amor próprio ou possibilidade de sustento para si mesma e para os seus filhos, ainda que esses sejam ganhos totalmente ilusórios. 

Já concluindo, preciso contar o que aconteceu no último mês de maio, por ocasião da festa do nosso CAPS em comemoração ao dia Nacional de Luta Antimanicomial. Durante os eventos, Maria nos surpreendeu ao pegar o microfone e recitar uma longa poesia feita por ela, na qual tecia, com muito humor, sua trajetória de louca à maluquinha. No seu poema, meio cantado meio falado, “louca” tinha a conotação pejorativa que lhe davam no passado e “maluquinha” falava de como ela se via hoje, do seu jeitinho diferente, meio maluquinho sim, mas também capaz de declarar seu amor pela vida e pelas pessoas que ali estavam. Era o outro com o qual ela “nunca se dava” transformando-se, finalmente, em objeto de seu amor. 

Sim, passado o período em que só podia viver no campo da necessidade imediata e urgente de sobreviver junto com seus filhos, Maria alcança o campo da arte. Maria produz cultura. Atualmente está empolgadíssima com a possibilidade de ser atriz em uma peça de teatro produzida pelo CAPS e cuja história poderá ser a sua própria, aquela tecida em seu poema. 

Ainda há quem chame Maria de louca. Para mim, louco é quem critica benefícios sociais e programas de transferência de renda sem saber o que é ser invisível. Muitos dirão que Maria é uma analfabeta ignorante. Para mim, ignorante é quem não consegue olhar em torno, é quem só consegue ver o mundo a partir do próprio umbigo.

Para você que insiste em criticar programas sociais, eu deixo Maria no seu encalço. Mas se sua intenção for apenas criticar, com os amigos ou nas redes sociais, algum tipo de benefício pago com recurso público e que você não recebe, tenho algumas sugestões. Numa pesquisa rápida no Google, descobri alguns auxílios concedidos a ministros, vereadores, deputados, senadores, desembargadores, policiais federais, diplomatas, altas patentes do exército, marinha ou aeronáutica e/ou juízes. São eles: Bolsa Moradia, Bolsa Paletó, Bolsa Passagens Aéreas, Bolsa Combustível, Bolsa Telefone, Bolsa Gabinete, Bolsa Alimentação, Bolsa Despesas, Bolsa Creche, Bolsa Indenizatória, Bolsa Estudo, Bolsa Funeral e Bolsa Assistência Médica. Obviamente, que nem todas as categorias citadas recebem todos esses benefícios, mas cada uma delas recebe pelo menos duas ou três “Bolsas” citadas. E, na verdade, esses benefícios não são chamados de “Bolsa”, fui eu quem, propositalmente, os batizei com esse nome. Mas bem que poderiam chamar, não é? (Eu não pesquisei o valor de tais “Bolsas”, se você quiser fazê-lo fique à vontade. Sugiro apenas que tome um antiácido antes)

Então, alguém aí pra tentar me convencer que o Bolsa Família não é um direito justo?

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Carta aberta aos deputados estaduais do PT/PR Toninho Wandscheer, Elton Welter, Enio Verri, Péricles de Mello, Professor Lemos

De: prcequinel@yahoo.com.br
Para: dep.welter@pr.gov.br
enioverri@alep.pr.gov.br

pericleshm@uol.com.br
lemos@professorlemos.com.br
antonio@awimoveis.com.br
lucianarafagnin@alep.pr.gov.br
tadeuveneri@terra.com.br

(Tentei enviar para os e-mails acima, obtidos na página da Assembléia Legislativa do Paraná, mas não consegui (endereços inválidos, diz o yahoo). De todo modo, fodam-se: minha indignação não é inválida)

Então vocês todos votaram - nojo supremo - nos sinistros deputadões Fábio Camargo (PTB) ou Plauto Miró (DEM), para Conselheiro do TC/PR, ambos notórios, felpudos e lustrosos representantes da pior e mais execrável direita golpista e anti-povo que possa existir aqui pelas bandas do Paraná.

Com as notáveis e honrosas exceções de Luciana Rafagnin e de Tadeu Veneri, que votaram em nosso companheiro Tarso Cabral Violin, vocês todos, permitam-me a dura e necessária franqueza, cagaram solenemente na cabeça da militância petista.

Vossas Execráveis Excelências não merecem mais o meu respeito até porque, seus merdas, ainda posso escolher quem possa merecer esta minha (
dispensável) deferência.


Vão todos vocês para os quintos dos infernos do oportunismo rastejante, do pragmatismo eleitoral fedorento, dos arranjos nebulosos e da puta que os pariu.

O PT institucional parece um caminhão desgovernado que, ladeira abaixo, atropela e esmaga sua própria história.

sábado, 13 de julho de 2013

Rudá Ricci: O PT é, hoje, o partido da ordem. Determina as mudanças que considera possível. Não consulta ninguém para avaliar a tal "correlação de forças"

O Serviço de Alto Falantes Ornitorrinco compartilha este instigante texto do indispensável Rudá Ricci por considerar que as manifestações de junho/2013 haverão de merecer de nossa parte profunda reflexão. Creio que o PED possa dar início a este debate que deverá ser, a meu juízo, balizado pela seguinte questão: onde nós do PT erramos?
O título é precisamente o que eu venho dizendo faz muito tempo: os Altos Ofinoses do PT só fazem xixi naquela caixinha de areia no cantinho da área de serviço. E muitos abanam o rabinho!
---xxx---



Copiei de Rudá Ricci
As reações do PT esclarecido

O PT reagiu de maneira estranha (em relação à sua origem) às manifestações de junho. Seu presidente nacional (não se trata de um intelectual, é verdade, o que merece desconto) revelou temor e até mesmo rancor quando sugeriu a tal "onda vermelha" que por pouco não se transforma em confronto de rua. Muitos petistas, nas redes sociais (a começar pelo "sempre alerta" José de Abreu) chegaram a desencavar teorias conspiratórias, as mesmas que foram jogadas aos ventos quando da criação do PT. Como fundador do PT, lembro até hoje dos militantes do PCdoB afirmarem que éramos financiados por multinacionais, outros tantos, pasmos, sustentarem que a classe trabalhadora já tinha seus partidos e outros argumentos de autoridade. 
Ontem, contudo, tive o prazer de ouvir Renato Simões, Secretário Nacional de Movimentos Sociais da direção do PT, analisar o movimento de junho. Uma das vozes lúcidas do partido, Simões fez uma análise segura da reação conservadora (termo utilizado por ele) de petistas. Lembrou que o que se questionava nas ruas eram as bandeiras clássicas do PT. Mas ainda senti certa dificuldade para interpretar a reação à ordem institucional e, com ela, os partidos políticos.
Também recebi, ontem, um texto elaborado por Marilena Chauí intitulado "As manifestações de junho de 2013 na cidade de São Paulo". A autora ressalta que são observações provisórias e que se atém à capital paulista. Faz muitas observações instigantes e chega a citar Maio de 68, mas derrapa na mesma dificuldade de Simões (pelo que conheço de Renato Simões, o problema não foi conceitual, mas em função dos limites de tempo e do seu papel de dirigente nacional do partido, que exige que agregue os filiados, antes de dissipar mais dúvidas e insegurança): não consegue acolher a crítica ao sistema político vigente, o que inclui o PT dos dias de hoje.
Marilena, em minha opinião, incorre em alguns equívocos de alinhamento do discurso difuso e anti-institucional das ruas com estruturas de pensamento e valor já cristalizados. Cito alguns desses equívocos:
1) À página 5, sugere que a recusa geral do discurso dos manifestantes não identifica suas causas, mas mera negação, como a estrutura autoritária da sociedade brasileira e os casuísmos do regime autoritário ainda mantidos no atual sistema partidário nacional. Minha opinião é que, ainda que estas causas fossem explicitadas, o que desabonaria a crítica ser endereçada a todos partidos, incluindo o PT? O fato é que a reforma política foi engavetada pelo Congresso Nacional e Lula não se esforçou efetivamente para se apoiar nas ruas para implementá-la, a despeito de ter acenado como uma de suas reformas logo no início de seu primeiro mandato. Lembro de um seminário em que Lula disse que até o final de seu mandato esta reforma ocorreria, sendo apartado por Maria da Conceição Tavares que gritou, do fundo do auditório, um sonoro "duvido". Lula não provocou, em nome da coalizão presidencialista, nenhum confronto significativo com a Ordem Política. Para sua surpresa, as ruas colocaram, de maneira torta, o tema;
2) Ainda na mesma página, Chauí sustenta que os manifestantes aderiram ao discurso ideológico dos meios de comunicação que procuram monopolizar a formação de opinião sobre o que é público. Ainda que fosse verdade, o que retomaria as teses leninistas de alienação, ou ainda, as teses estruturalistas althusserianas que determinam a ação e o pensamento social, não me parece que havia tal alinhamento automático às teses da grande imprensa, ainda que elas existam de fato. Eu mesmo, destaquei neste blog que existe uma imprensa militante conservadora em nosso país (não gosto do termo PIG que parece um chiste para algo que merece seriedade). O sentimento era difuso e não se limitou à São Paulo. Algo como "não me sinto representado". A corrupção entrava como um sintoma, mas a causa era o ódio aos representantes que não estão presentes, antes de mais nada, nas ruas, nos locais de moradia, no trabalho. Ora, este não era justamente o projeto do PT como vanguarda da mudança da prática política no Brasil? Não eram estes os princípios que a revista que Marilena Chauí contribuiu por tanto tempo ("Desvios") pregavam?
3) À página 6, sugere que o comportamento mágico dos manifestantes de rua tinham paralelo com o toque na tecla para se comunicar nas redes sociais. Chauí sugere que se tratava de um discurso que negava as mediações, os partidos e organizações de uma república democrática. E, alfineta, sustentando que se trata de "posição típica de classe média, que aspira por governos sem mediações institucionais e, portanto, ditatoriais". Aqui, ingressamos em algo realmente complexo. Pesquisas recentes revelam que não se trata de mera ideologia de classe média. É o corpus interpretativo, a visão de mundo das classes menos abastadas. Ao contrário, o que Marilena Chauí indica como valor republicano é ideário da classe média intelectualizada e não valor popular. Assim, este seria mais um problema que os governo petistas não enfrentaram, justamente porque não assumiram seu papel pedagógico, tipicamente de esquerda, para disputar a hegemonia cultural em nosso país;
4) Mas, à página 7, Chauí retoma sua perspicaz leitura sobre o novo, algo que sempre a notabilizou. Identifica que o discurso corrosivo das ruas de junho abriram uma brecha para repensar o poder, modificando o "sentido corriqueiro das palavras e do discurso conservador por meio da inversão das significações e da irreverência". Aqui me parece a senha para petistas convictos se repensarem. Na página seguinte, a filósofa petista dá mais um passo nesta direção. Sugere que as ruas de junho tinham um lastro histórico em relação à agenda do transporte público que desconheciam: o governo de Luiza Erundina, que propôs a Tarifa Zero, abriu as planilhas de custo e obrigou os empresários do setor a fazerem o mesmo, propondo subsídio da tarifa a partir do IPTU progressivo. A reação das elites econômicas foi imediata: comerciantes fecharam ruas, empresários ameaçaram com lockout, bairros nobres fizeram manifestações contra o totalitarismo comunista. Tudo bem, mas, onde esteve o PT e seus governos este tempo todo, após o governo Erundina? Por qual motivo Chauí não citou a negação de toda cúpula partidária em relação à experiência do primeiro governo petista na maior capital do país?


Enfim, o PT tem dificuldades para se repensar. Consegue, ao menos parte de sua direção e intelectualidade, diagnosticar o que ocorreu em junho, ainda que de maneira defensiva, como cabe a alguém que comanda politicamente o país. Mas não consegue se ver como elemento central da Ordem Política. O PT é, hoje, o partido da ordem. Determina as mudanças que considera possível. Não consulta ninguém para avaliar a tal "correlação de forças". Como todo partido vanguardista, se coloca como um sábio experiente que tem a noção exata do que é possível avançar sendo todo o resto infantilismo ou erro de cálculo. Este é o problema mais grave que aflige o PT: de partido de massas, se transformou em partidos de quadros. Sem ter consultado, obviamente, sua base.

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Trabalhadores e trabalhadoras não se escondem, mostram a cara e lutam!

Copiei as imagens da Regina Cruz, presidente da CUT/PR
Registro das mobilizações de 11/07/2013 em Curitiba/PR

Homens e mulheres de cara limpa 
na luta de todos os dias e na vida.
Nós não nos escondemos!
Não somos anti-partidários!
Não somos tangidos pelo 
aparato midiático e golpista!
Somos de todas as cores, 
mas nosso coração é vermelho!
Vão para a puta ianque que os pariu, coxinhas da classe média!
VIVA A LUTA DOS TRABALHADORES!
VIVA A LUTA DAS TRABALHADORAS!
VIVA A CUT!
VIVA O MST!
 

 

  

 

  

 

 

 








quarta-feira, 10 de julho de 2013

De Ornitorrinco para Obama: Relatório da Invasão, Dia D+5

O Ornitorrinco Destrambelhado informa urbi et orbi 
a situação de sua nababesca, suntuosa e superfaturada mansão 
que foi tomada por netos ensandecidos.

Dear Obama, how are you, piece of presidential shit?

1. German e João seguem sem brigar!

2. Esta manhã, German - desacostumado em não ser o centro das atenções - veio dormir em minha cama, doidim por um cafuné exclusivo deste avô Paulo, o destrambelhado.

3. João, German, Catarina e Mariana foram devidamente surpreendidos pelo Bicho Horrrorrrozzo e pelo nefando Bicho Atacador de Sovaco. Vovô Duda assustou-se com a gritaria, a correria e as risadas desatadas dos meninos e das menininhas. Meu preparo físico já foi (muito) melhor.

4. Jantar de gala. Preparei um macarrão cabelo-de-anjo na manteiga e a piazada comeu de regalar-se, com um suco de uva matador.

5. Mariana, a menininha que conheci só na sexta-feira passada, abandonou-se em meu peito e dormiu lindamente.

6. Faltam aqui a Luna, o Hiago e o Chicão mas, permitam-me a necessária franqueza, quem pode comigo? Quem ousa contrariar um avô assim tão completamente poderoso?