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Antonina, Litoral do Paraná, Palestine
Petroleiro aposentado e petista no exílio, usuário dos óculos de pangloss, da gloriosa pomada belladona, da emulsão scott e das pílulas do doutor ross, considero o suflê de chuchu apenas vã tentativa de assar o ar e, erguido em retumbante sucesso físico, descobri que uma batata distraída não passa de um tubérculo desatento. Entre sinos bimbalhantes, pássaros pipilantes, vereadores esotéricos, profetas do passado e áulicos feitos na china, persigo o consenso alegórico e meus dias escorrem em relativo sossego. Comendo minhas goiabinhas regulamentares, busco a tranqüilidade siamesa e quero ser presidente por um dia para assim entender as aflições das camadas menos favorecidas pelas propinas democráticas.

segunda-feira, 11 de março de 2013

Maju Giorgi: Todos contra a permanência de Marco Feliciano na presidência da CDHM

Minha amiga Maju Giorgi, lá de São Paulo, escreve este belo texto sobre as razões que explicam as manifestações de repúdio ao pastor e deputado Marco Feliciano.
Ocorre que o sujeito,
notório racista e LGBTT-fóbico que se declara um defensor das famílias, "esquece" que as famílias LGBTTs são, ao fim e ao cabo, iguaizinhas às outras famílias.
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Copiei de Colunistas IG


Meu filho, André Giorgi, na luta contra o preconceito e a personificação dele: Marco Feliciano
Eu vou escrever enquanto mãe, enquanto cidadã brasileira, enquanto ser humano. Na semana em que aSBG (Sociedade Brasileira de Genética) publica nota endossando nosso Eli Vieira (geneticista ) e desconstruindo por completo Silas Malafaia, me pergunto: Quantos entenderam o que isso significa? Quantos viram a notícia? Até quando a justiça e a verdade vão ser reféns da falta de educação do povo?
Eu vou dizer como é a sociedade em que eu gostaria de viver. Apesar, do que querem fazer crer os fundamentalistas, eu tenho uma família. Eu tenho um filho gay, muito espiritualizado, com muita influência das filosofias orientais, mas agnóstico. O companheiro dele é agnóstico, mas acredita no cristianismo. Meu marido é católico praticante. Minha filha e meu genro são EVANGÉLICOS. Eu, como ainda não sou obrigada a ter uma religião, acredito que há uma Deusa que habita em mim e em você também e amo e respeito Nossa Senhora, mãe como eu, que viu o sofrimento do filho, mas me declaro agnóstica.
SOMOS SEIS! E assim, nós seis seguimos a vida, nos amando, respeitando nossas diferenças, nos protegendo , entendendo limites, perdoando erros, brigando muito, rindo muito, comemorando juntos nossas conquistas, apoiando uns aos outros nas dificuldades, fazendo juntos as refeições sempre que essa vida atribulada nos permite, nos ajudando naquelas pequenas coisas corriqueiras, uma carona, uma passada no supermercado, uma adiantada no jantar, uma passada no banco .
SIM, eu tenho uma família, Marco Feliciano, família, unida por amor, respeito, dificuldades, honestidade e valores. Minha família é exatamente como a sociedade em que eu gostaria de viver. E minha família está em protesto contra você e seus desmandos. E por isso ontem, fomos somar nossa indignação com aquela outra família bonita, daquelas duas moças que tinham um filhinho, Pedro de três anos. E lá ia o Pedro pela passeata com seu tamborzinho azul, batendo com a colher de pau todo feliz com as mães. E aquela outra família, que eu pedi, pro meu filho fotografar, já na dispersão na Praça Roosevelt, mas que infelizmente, não deu tempo. Estavam lindos, o pai de rosa, a mãe de azul e a filhinha de arco íris. Era uma família HÉTERO, sem medo de que a filhinha fosse ensinada a ser gay, e sem medo que a filha ou eles fossem contagiados pela homossexualidade, pois são imunes, VACINADOS PELA INSTRUÇÃO. E lá estavam eles, somando suas vozes a da minha família! E tinha a moça lésbica com seu gatinho…uma família, e porque não ? A moça trans, linda, que ia conversando animada com a irmã. E tinha também aquela familía negra enorme, toda espremida na sacada daquele prédio ocupado. Com suas panelas e colheres substituindo os tambores ancestrais, que com seus sorrisos imensos e alegria explícita, fizeram muito barulho recepcionando nossa passeata que ia ao som de “SARAVÁ SARAVÁ, FELICIANO FORA JÁ!”
Que família linda formavam aqueles negros! Pais amorosos e conscientes levavam a filha portadora de deficiência, empurrando sua cadeira de rodas, debaixo daquele sol senegalês. Nem sabíamos de onde vinha mais calor, se do céu ou do asfalto fervendo, mas foram corajosos, até o fim. Tinham muitos idosos, avós visionários, que com a experiência dos que já muito viram e muito viveram, lá estavam representando suas famílias, em defesa dos netos. E quando passamos por aquela escola pública, muitas crianças nos aplaudiram felizes!!! Uma delas pulava com a máscara do Anonymous, e eu rezava para que essa escola fosse realmente instrumento para que ela continuasse usando a máscara, até o dia em que possamos todos tirar todas as máscaras.
No meio daquele mar de bandeiras e guarda chuvas coloridos e muitos cartazes, um moço evangélico, me chamou a atenção com o seu: “O SENHOR É MEU PASTOR E ELE SABE QUE SOU GAY.” O rapaz que ficou ao meu lado em um dos momentos da passeata, exibia orgulhoso, seus colares do candomblé de mãos dadas com a namorada bonita, prontos para formar uma nova FAMÍLIA abençoada por aquilo em que acreditam. E tinha muita gente e estava tudo colorido e diverso como o mundo deveria ser.
É claro que nem tudo foi lindo, porque ver, os oportunistas partidários com suas bandeiras inócuas, tentando pegar carona na nossa mobilização por uma causa humana e séria, me dá muita revolta. Mas eram muito poucos, e não conseguiram abafar o nosso verdadeiro intuito. E sabemos que essas bandeiras, seja essa ou aquela, não iriam, hesitar nem por um segundo ali na frente, em usar direitos de seres humanos como moeda de troca pela governabilidade.
Não poderia ter faltado um momento de truculência, quando uma pessoa impaciente jogou o carro em cima da passeata atropelando um dos nossos maiores militantes… o anjo da guarda das MÃES PELA IGUALDADE, Luís Arruda, que ficou machucado, sangrando, mas que não desanimou. Porque nós não desanimamos frente à truculência, a ignorância e a agressão…Marco Feliciano, nós estamos nos movimentando por nossas famílias, pelo nosso direito sagrado de ser, de ir, de vir, de pensar, de amar, de crer, de escolher e de viver no nosso país em paz. Nossa força vem da nossa verdade. Nós não somos absurdos nem aberrações, somos seres humanos, somos famílias. Absurdo é Marco Feliciano, você ir à imprensa, dizer que suas petições têm muito mais adesões que as nossas, e conclamar o seu rebanho para uma cruzada santa contra os gays, as vésperas de assumir a CDHM, já que estamos protestando, exatamente por sermos a minoria que você quer calar. Palavra essa que inclusive está no nome da comissão que você ganhou de presente. CDHM. Comissão de direitos humanos e minorias. Ou nem isso você percebeu? De que forma uma minoria pode ser maior que uma maioria?
Me explique sua lógica, porque ela me foge completamente. Acho uma excelente ideia você focar nos imigrantes presos no exterior, porque caso você consiga assumir, você vai ter muito trabalho, em vista da debandada que vai haver. Mas eu tenho fé, quando vejo até os evangélicos do bem se levantando a nosso favor, que isso não vai acontecer, e que AMANHÃ VAI SER OUTRO DIA…APESAR DE VOCÊ!!
«Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus.» (Mateus 22:21)

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