SOBRE O BLOGUEIRO

Minha foto
Antonina, Litoral do Paraná, Palestine
Petroleiro aposentado e petista no exílio, usuário dos óculos de pangloss, da gloriosa pomada belladona, da emulsão scott e das pílulas do doutor ross, considero o suflê de chuchu apenas vã tentativa de assar o ar e, erguido em retumbante sucesso físico, descobri que uma batata distraída não passa de um tubérculo desatento. Entre sinos bimbalhantes, pássaros pipilantes, vereadores esotéricos, profetas do passado e áulicos feitos na china, persigo o consenso alegórico e meus dias escorrem em relativo sossego. Comendo minhas goiabinhas regulamentares, busco a tranqüilidade siamesa e quero ser presidente por um dia para assim entender as aflições das camadas menos favorecidas pelas propinas democráticas.

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Meu filho Jean e o nazistão chamado bento XVI

No domingo meu filho Jean recebeu o diploma do 2º Grau/Técnico em Meio Ambiente, e foi uma daquelas formaturas típicas: familiares orgulhosos, a piazada em festa, os discursos de teor conhecido desde 1712, as lágrimas de praxe, de modo que estamos todos felizes e orgulhosos aqui em casa.

Jean caminha pela vida do mesmo jeito que os jovens da sua idade: as dúvidas e as (poucas) certezas, algum receio talvez, mas nada que nos preocupe, pois confiamos integralmente em nosso menino valente, dedicado, amoroso, educado, solidário, plural, honesto e, desde sempre, sabedor que a gente tem que trabalhar e viver com outras pessoas porque, simples assim, nossa vida só melhora se a vida de outras pessoas também melhorar, e quanto mais gente, melhor.

Mas um alemão que foi da juventude nazista e hoje é papa, o bento XVI (assim mesmo, letras minúsculas) proclamou que pessoas LGBTTs como Jean ameaçam a paz mundial (por conta do chamado casamento gay) e eu pensava nisso enquanto ele recebia o canudo e escancarava sua genuína alegria, e eu olhava pro meu menino e tentava ver nos seus olhos algum sinal de ameaça, e me perguntava se eu havia falhado e coisas assim. 

Senti-me seguro, entretanto, quando ele me abraçou apertado e declarou-me seu amor incondicional, o que me permite dizer, em revide ao nazistão que acobertou pedofilia na santa madre: não, patife de roupas ridículas, meu filho não ameaça ninguém porque quem me abraça daquele jeito é alento, é luz, é concórdia. 

Eu proclamo, em nome dos meus filhos e netos, que gente da sua laia, bento XVI, cuja fé obtusa fundada num livrão inútil é produtora há séculos de intolerância, ódio, misoginia, sexismo, racismo, machismo, LGBTT-fobia, gente da sua laia, eu dizia, e a igreja católica corrupta e genocida é que ameaçam a paz mundial.

Não me peçam paciência e tolerância: como pai tenho dever incontornável de defender meu filho porque, não posso e ninguém deve esquecer, até ontem já enterramos os corpos brutalizados, torturados e humilhados de 317 brasileiros e brasileiras LGBTTs.

Esta não é a primeira vez que ele, o nazistão de voz débil e letal, ofende e ameaça o povo LGBTT, e o mais recente pronunciamento obrado por este anormal pode ser lido aqui. Não se deixem enganar pelos parangolés e piruetas do longo texto. A igreja católica sabe muito bem falar mensagens as mais ameaçadoras assim, com voz suave e fumaças coloridas.

Amo você, Jean Carlos Fernandes do Nascimento Cequinel, sinto-me orgulhoso por ser seu imperfeito pai e agradeço a chance que tenho de ser talvez um pouco melhor do que fui.

Paulo Junior e Luciano, garanto e proclamo que amo vocês dois do mesmo jeito que o Jean.

Paulo Roberto Cequinel, comandante e pai. Nesta ordem. 

Um comentário:

Julio Marinho disse...

Bravo, bravo, bravíssimo! Mensagens assim deveriam ser ditas e reditas eternamente, ou pelo menos enquanto houver no mundo gente que persegue, mata e mutila outros que "ousam" sentir e amar de maneira diferente. Afinal de contas, o importante não é anular as diferenças, já que são legítimas, mas sim conhecê-las, aceitar e tentar conviver de maneira saudável com elas.