SOBRE O BLOGUEIRO

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Antonina, Litoral do Paraná, Palestine
Petroleiro aposentado e petista no exílio, usuário dos óculos de pangloss, da gloriosa pomada belladona, da emulsão scott e das pílulas do doutor ross, considero o suflê de chuchu apenas vã tentativa de assar o ar e, erguido em retumbante sucesso físico, descobri que uma batata distraída não passa de um tubérculo desatento. Entre sinos bimbalhantes, pássaros pipilantes, vereadores esotéricos, profetas do passado e áulicos feitos na china, persigo o consenso alegórico e meus dias escorrem em relativo sossego. Comendo minhas goiabinhas regulamentares, busco a tranqüilidade siamesa e quero ser presidente por um dia para assim entender as aflições das camadas menos favorecidas pelas propinas democráticas.

sexta-feira, 25 de maio de 2012

A salvação pela palavra

Este bloguezinho mequetrefe sente-se e proclama ser integralmente parte das ações em defesa dos direitos LGBTT.
Meu filho precisa de mim.
Meus filhos todos precisam de mim.

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Copiei de Política Ativa 

Conta a lenda que Sherazade contou muitas histórias para salvar a própria vida. Ao final, acabou salvando muito mais: a si mesma, várias outras mulheres e o próprio sultão, seu fiel ouvinte de todas as noites. Sherazade foi capaz de mudar tanto, modificar tanta gente, alterar o percurso de tantas vidas. E, então, é fantástico saber que todos os dias, em todo o mundo, também LGBTs salvam vidas pela força da palavra. Salvam vidas falando que o outro pode se assumir, pode viver, pode amar. Salvam vidas afirmando que aquela fase de opressão extrema, em que o outro pensa em se matar, é transitória, que um dia tudo irá melhorar. Seja com um blog, ou uma parada com milhões, milhares, centenas ou com poucas dezenas de pessoas, salvamos vidas ao tornar o mundo possível para quem é tido como diferente. Salvamos vidas quando tornamos a vida possível de ser vivida. Salvamos vidas quando entendemos a rede da qual fazemos parte e ajudamos em sua costura.
Salvamos vidas quando aquela pessoa oprimida por seus pais, por seus familiares, pelos amigos, na escola, na igreja, na vizinhança, pode contar somente com nossa palavra ou apenas com a noção de que não está sozinho, de que somos muitos e que sobrevivemos e somos felizes, que o mundo gira, a história avança e nossos direitos e qualidade de vida correm ao lado deles. Salvamos vidas quando uma das tantas pessoas que pensam em se suicidar, o deixa de fazê-lo por uma palavra, uma imagem, uma multidão nas ruas, alegre, cantando, pulando, dizendo ao mundo que nossa vida vai muito bem - obrigada! -, apesar de tudo e de todos que são contra. Quando mostramos seja através do que for, que não somos invisíveis, que jamais seremos, pois não nos cabem nenhum gueto e nenhuma capa mágica que nos faça desaparecer. Quando mostramos que vivemos, trabalhamos, amamos, trepamos, nos divertimos. Quando mostramos o quanto somos fortes. Cotidianamente fortes e por toda uma vida.
E não desanime, não pense nem por um minuto que sua militância é desimportante, que não tem valor, que pode ter um efeito muito pequeno e um alcance limitado. Qualquer que seja sua atuação lembre-se sempre que ela pode fazer total diferença entre a vida e a morte - física ou social – de alguém. Sempre haverá quem tente reduzir o significado deste ou daquele trabalho, seja ele qual for. E sempre haverá o fantasma do desalento de ver tanta coisa ruim ao redor, mas segure-se você também nas palavras de outros. Afinal, pense bem, podemos nos abater realmente com isso, quando um simples texto ou uma conversa on-line pode salvar uma vida? Enquanto tantos criam um universo impossível para LGBTs viverem plenos e felizes, mesmo apenas através do que falamos e escrevemos, podemos criar todo um outro mundo: um espaço de salvação do que corrói por dentro, do que não deixa respirar lá fora. Portanto, fale, escreva, publique, tenha um blog, um vlog, um site, mergulhe nas redes sociais, divulgue idéias, produza, partilhe informações, converse, chegue até as pessoas, promova ligação entre elas. É fantástico irmos às ruas, protestarmos, fazermos passeatas, paradas, reivindicações públicas, mas nada impede ou diminui a importância da propagação de palavras e idéias e sua força inegável na mudança de mundos e perspectivas de vida. Que nos diga Sherazade!
@ivonepita

Um comentário:

Gio disse...

Simplesmente não encontro palavras (hehe) pra expressar a assustadora precisão com a qual esse texto descreve os dilemas pessoais que angustiam milhares de jovens gays todos os dias.

Eu me enquadro nesse grupo, mesmo que hoje, aos 21 anos, a falta de coragem em aceitar a própria essência titubeie diante o esclarecimento que o tempo, tão generoso, soube me dar. Mas essa jornada pela construção da auto-aceitação (que ainda persiste) não me conduziria a lugar nenhum se no meio do caminho eu não tivesse me deparado com personalidades que me inspiram e me fazem perceber que a realidade foge da visão simplista e preconceituosa proferida por massas de ignorantes todos os dias.

O Senhor Ornitorrinco, detentor de uma personalidade ímpar e engajamento formidável na luta contra a homofobia, realça a imagem que muitos tentam mistificar: a do PAI que mantém seu AMOR pelos filhos e que sabe lidar, de modo sensato, com a orientação sexual dos mesmos. Posso dizer que me senti atônito quando li sua postagem no blog do também admirável Carlos Orsi. Sem dúvidas, suas palavras naquele post se transformam, todos os dias, no APOIO necessário do núcleo familiar aos adolescentes que se "descobrem" homossexuais. Uma verdadeira lufada de ar fresco para aqueles que enfrentam diversas formas de opressão praticadas por praticamente todos os agentes sociais ao redor.

Fica então, seguindo a sugestão do texto, a minha participação nesse movimento de exposição e desabafo. E que os formidáveis propagadores de boas palavras, que os ativistas que lutam contra qualquer forma de opressão social (alô, senhor ornintorrinco) SAIBAM que por trás daqueles que vomitam ódio e tentam abafar indivíduos de boa fé existe um grupo de pessoas (bem grande, eu diria) que se sente motivado, compreendido e encaixado no mundo a partir de SUAS ações.

Eu/nós existo/existimos e você transforma a/as minha/nossas vida/vidas. Muito obrigado!