SOBRE O BLOGUEIRO

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Antonina, Litoral do Paraná, Palestine
Petroleiro aposentado e petista no exílio, usuário dos óculos de pangloss, da gloriosa pomada belladona, da emulsão scott e das pílulas do doutor ross, considero o suflê de chuchu apenas vã tentativa de assar o ar e, erguido em retumbante sucesso físico, descobri que uma batata distraída não passa de um tubérculo desatento. Entre sinos bimbalhantes, pássaros pipilantes, vereadores esotéricos, profetas do passado e áulicos feitos na china, persigo o consenso alegórico e meus dias escorrem em relativo sossego. Comendo minhas goiabinhas regulamentares, busco a tranqüilidade siamesa e quero ser presidente por um dia para assim entender as aflições das camadas menos favorecidas pelas propinas democráticas.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Eis aqui o verdadeiro belo monte

Eu visito o Com Texto Livre todos os dias

(creio que para certos times avermelhados
Libertadores, ó, só em 2013)



Momento Reader's Digest: rir é o melhor remédio

Eu visito o Diário Ateísta todos os dias

O Ornitorrinco Metido pede a palavra para lembrar que estas histórias todas estão na bíblia, livrão hilário e decididamente inútil, mas costumeiramente letal. Lembrem-se, meninos e meninas, que é a bíblia e suas asneiras incomensuráveis o instrumento que fundamenta a fé obtusa de padrecos, pastores, e da imundície chamada frente parlamentar evangélica. Cuidado, pois.

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Abrão ou Abraão

por Leopoldo Pereira

O Profeta merece a nossa atenção, pois é venerado pelas três grandes religiões monoteístas, a saber: Judaísmo, Cristianismo e Islamismo, também designadas por Abraâmicas. No Judaísmo é considerado o 1.º Patriarca e grande pioneiro da fé de Israel.
A Bíblia está pejada de estórias ridículas e de asneiras incomensuráveis, que nos levam a um passado por vezes ambíguo e, em muitos casos, improvável.
Há quem afirme que é preciso saber lê-la; há quem afirme que está escrita em código; há quem afirme que só os verdadeiros crentes podem percebê-la. Alinho inteiramente com o grande humorista, meu conterrâneo, José Vilhena, que fez rir meio mundo com as suas publicações e dizia que a Bíblia era o melhor livro de anedotas. Por isso o não dispenso.
Também sei que imensa gente compra a Bíblia e não se dá ao trabalho de a ler, porque se a lessem deparariam logo no começo com a descrição que segue, resumida segundo o meu próprio humor.
Do Pentateuco constam 5 livros (tira-se à letra), sendo o Génesis e o Êxodo os que considero mais interessantes. No 1.º podem ler-se as estórias de Adão e Eva, Noé e o Dilúvio, Caim e Abel, Abrão e Sara, José e os irmãos, etc. No 2.º é de realçar Moisés e os 10 Mandamentos.
Então vamos lá: Deus criou as plantas, depois os animais e por fim Adão. Como este andasse triste e a roer as unhas (às escondidas), Deus percebeu que tinha de intervir e decidiu arranjar-lhe companhia. Adão deixou de roer as unhas mas, levado pela companheira (esta enganada pela serpente), comeram da árvore do conhecimento, manjar que não constava da Ementa Divina e lixaram-se. Deus não perdoou e expulsou-os do Éden.
O Supremo aproveitou a deixa, pensando logo no povoamento da Terra; para o efeito o casal teve três filhos varões: Caim, Abel e Set. Diz-se que Abel era do tipo florzinha e Caim não apreciava nada as suas maneiras esquisitas; um dia em que estavam sós no campo, ao que consta, Abel apanhava trevos de 4 folhas. Caim (irritado) deu-lhe um pontapé. Por infelicidade atingiu o que não devia e foi a tragédia que se sabe. De qualquer modo ainda restaram dois homens para o tal povoamento. Como se desenrascaram não sei, já que o Livro Sagrado é omisso quanto à proveniência das suas mulheres…
O certo é que o Planeta se foi povoando, lá para os lados do médio oriente, região sob alçada Divina. A certa altura as coisas começaram a descambar e Deus decidiu castigar tudo quanto mexesse. Foi ter com Noé (filho de Lamec e neto de Matusalém), propondo-lhe a construção de uma barca (arca), com as dimensões: 150 m de comprimento, 25 m de largura e 15 m de altura; devia ter três andares sobrepostos e uma clarabóia de meio metro; nela havia de meter a família e um casal de animais de todas as espécies, com alimentos que chegassem para 40 dias. Noé aceitou o desafio; construiu a arca e, certamente com alguma dificuldade, meteu nela tudo o que havia a meter. Terminado o dilúvio, tudo abandonou a arca.
Abrão, filho de Taré, já pertence à nova geração, iniciada pela família Noé; terá nascido na Mesopotâmia (o local de nascimento levanta muitas dúvidas), cerca de 2000 anos (AC). Judeus, cristãos e muçulmanos, consideram-no (como se disse) seu antepassado de eleição.
Não obstante os desmandos anteriores, perpetrados pelos humanos, o que levou Deus a afogá-los, os da nova geração estavam saindo pior que a encomenda, dedicando-se à adoração de ídolos e sobretudo de astros (Sol e Lua). Abrão achou que a malta ia no mau caminho e tentou alertá-la, aconselhando a troca das várias crenças por uma só: o Deus único. A forte convicção na fé que abraçava levava-o a erigir altares por tudo quanto era sítio e a imolar neles várias espécies de animais, sacrificados em louvor do Senhor. A populaça achou que o tipo estava tolo e quis matá-lo.
Então o grande Profeta optou por dar à sola, emigrando para o Egipto. Antes de entrar naquele país convenceu a bela esposa a mentir acerca da sua condição de casados, devendo assumir-se como irmãos. Depressa chegou aos ouvidos do Faraó que entrara no território uma linda mulher e como não estava comprometida… o Soberano (considerado de origem Divina) aproveitou! Para que o mano não ficasse melindrado, o Faraó ofereceu-lhe vacas, ovelhas, escravos, ouro, etc., de modo que Abrão e até o sobrinho Lot, que emigrara com o tio, a breve trecho já estavam ricos. Entretanto um qualquer “bufo” fez saber ao Faraó que afinal Sara era esposa de Arão e não irmã. Neste ponto fui ao dicionário, para não me acusarem de má-língua e li o seguinte: “Corno – Marido a quem a mulher atraiçoou”. Penso que estarão em sintonia comigo, não é o caso. Dificilmente se pode culpabilizar, donde aquele vocábulo não deve figurar na sua forma simples; a expressão apropriada será: “Corno manso”.
Pelos vistos o Faraó antipatizava com tipos desses e ordenou que o pusessem fora das fronteiras, permitindo no entanto (é de aplaudir) que levasse a mulher e os haveres. Lá voltou para junto dos seus, prosseguindo com aquela tara dos altares, mas agora a fortuna evitava que tais desvarios lhe provocassem incómodos de maior.
Tudo parecia correr às mil maravilhas, só que Sara (não há bela sem senão) era estéril. Então Deus permitiu e Sara não se opôs, que Abrão se servisse de uma escrava, donde resultou um filho: Ismael. Pelo meio ficam umas intrigazitas entre Agar (mãe de Ismael) e Sara, também alguma relutância do papá em aceitar a paternidade, mas Deus lá foi equilibrando as coisas. Anos mais tarde e para que acontecesse um milagre digno de registo, Deus permitiu que os já velhos Abrão e Sara também tivessem um filho: Isaac. (Abrão teria cem anos). Algumas primaveras volvidas, Deus quis testar a fé de Abrão, propondo-lhe a matança do próprio filho. Abrão nem pestanejou; levou o filho para um sítio ermo, munido de lenha, faca e corda, como fazia com os outros animais, mas na hora H ouve-se uma voz do Alto, que se expressou mais ou menos deste modo: “Abrão, Abrão, já não tenho dúvidas que és um fanático irrepreensível, escusas de matar o menino”.
O rapaz, que há muito duvidava que o papá regulasse bem da bola, agora tinha a certeza e, mal se libertou, pôs-se a milhas. Abrão bem chamou por ele, em vão. Há teólogos que dizem ter o menino respondido de longe, em termos tais que sugerem uma passagem da criança pelo Porto, talvez num daqueles intercâmbios escolares, que ao tempo estavam tão em voga. Porém, Abrão não perderia a característica de corno manso e, usando a mesma estratégia que usara no Egipto, fez com que Sara dormisse com o rei Amibelec. Também aqui o monarca retribuiu com vacas, ovelhas, etc. A rentável Sara acabou por falecer e Abrão, que durou 175 anos, voltou a casar e a ter mais filhos!
Antes de terminar e porque se falou de Lot, convém referir que teve duas filhas, ao que consta malucas até dizer basta. As pequenas resolveram embriagar o pai, durante duas noites seguidas, para com ele terem relações sexuais. Ambas engravidaram dele.
A Bíblia começa assim, mas esta parte está longe de ser a minha preferida. Volto a recomendar a sua leitura e juro que não aufiro um cêntimo pela publicidade.

Você entregaria seu carro para um manobrista bêbado?

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Silas Malafaia e a maldade humana

Eu visito o Maria da Penha Neles todos os dias
É duro ter que viver no mesmo planeta de um Silas Malafaia, caros leitores. Quero dizer, é duro viver nesse planeta, ponto. A Terra inclui palmeiras e sabiás, que gorjeiam como lá, mas também inclui música nativista, reggae, Los Hermanos e brócolis. Ah, e o teatro do Zé Celso Martinez.
Ela inclui malária, febre amarela, beri beri, mosquito borrachudo e alarme de automóvel, sempre no meio da noite. Ela inclui paixões não correspondidas, táxis Corsa Sedan, Sala de Redação e a República Islâmica do Irã. Ela também inclui auroras boreais, banhos nas termas ao ar livre e cheio de estrelas no Chile, sagu da minha avó, a Jessica Alba e os Beatles.
Tudo isso no âmbito da normalidade dos gostos e desgostos, caros sulvinteumenses. Tudo isso nas nossas preferências genéticas ou adquiridas. Tudo isso a partir do que é termos um planeta e seres humanos o habitando, seres que se constroem e são construídos e com os quais lidamos, amando, gostando, não achando lá grande coisa, ou não suportando, mas suportando.
E aí vem o Silas Malafaia, quebrar esse delicado equilíbrio. Os Silas Malafaia desse mundo são, e não são desse mundo. Como a Paquetá de Macedo, eles começam nesse mundo e não sabem onde acabar. Eles podem ser muitas coisas, e quase nenhuma delas muito saudáveis para quem pretende que o mundo seja mediado pelo que existe de humano na humanidade. E, pior, eles têm O Livro.
Um livro é a diferença entre mais um maluco ignorante, intolerante e intolerável, e um sujeito capaz de produzir grandes e enormes problemas. E, caros leitores, esse aí tem um livro.
Um livro é o que justifica e legitima. Preferencialmente, o livro deve vir diretamente de Deus em uma de suas múltiplas e convenientes formas. Isso não é assim tão necessário. O livro de Mao fez essa função, assim como o do Kadafi, e todos eles têm em comum serem um grande ponto de encontro de todas as respostas para todas as perguntas jamais feitas, ou não. E, melhor, eles são interpretáveis.
Já que os Malafaia jamais conseguiriam escrever coisa com coisa, eles se tornam intérpretes e daí vê o seu poder. Eles explicam o inexplicável. Quer coisa mais importante, ou melhor?
Livros tem enormes vantagens. A Xuxa por exemplo, explicou: “Os duendes existem. Tem até livro a respeito”. Se tem livro, então existe. Os Malafaias em geral, e esse em particular, existem por isso.
E nesse mundo de muitas carências e com televisão, a união de um Malafaia, um livro e um monte de desesperados produz um fenômeno assustador, que é o poder político. No segundo turno da eleição presidencial, Dilma foi chantageada por esses sujeitos, e o Serra se aliou a eles. A consequência é o retrocesso da sociedade, que vê dificultado o caminho da melhoria pelo obstáculo de um fanático, cercado de fanáticos, munidos de um livro e uma televisão. Cada vez que um político de verdade cede diante dessas chantagens, morre bem mais do que um filhotinho de foca na Antártica.
E é esse o mundo em que estamos.
Uma matéria recente do NY Times analisa o fenômeno Malafaia. Sendo um jornal americano, eles conhecem de perto essa realidade, que faz parte da formação da sociedade norte-americana, que a exportou ao Brasil. Lá, esse pentecostalismo associado a uma sociedade puritana, com uma fortíssima extrema-direita, já ameaça transformar um país über bem-sucedido em várias frentes, em um sistema disfuncional.
Aqui?
Malafaia não passa de um terno de gosto duvidoso, munido de um livro, um avião, uma tevê, cercado de desesperados por todos os lados. Ou nem tão desesperados. Ele é da Assembléia de Deus, à qual pertence Marina Silva, lembrem.
Mas ele parece adorar o poder auto-atribuído, e aparentemente real que construiu. E aí está o problema. Nossos governantes eleitos serão chantageados, se aliarão por afinidade ou conveniência, ou resistirão, enfrentando esse pessoal para finalmente descobrirmos com quantos paus se faz uma canoa televangelista, e o que é preciso para ela afundar?
Me choca e entristece ver essa mensagem de ódio e intolerância tomar forma e ocupar espaços, sempre com a embalagem de amor divino por todos os lados. Me preocupa pelo futuro, gostaria de saber se vamos neutralizar essa maluquice ou seremos ainda vítimas dela. Hoje, ele ataca as minorias, as historicamente mais frágeis. É inaceitável para pessoas que acreditem em justiça e igualdade. Cabe a nós defendermos vigorosamente a quem quer que ele ataque, dando um sinal claro de que ele pode vender, pode enriquecer, pode se achar o que quiser. Mas nunca deixará de ser o que é, um tolo com uma fatiota e um microfone. E do lado de cá estamos nós, sem livro na mão, mas com o sentido da justiça e da humanidade, dispostos ao que for preciso para que o lado de cá, o do bem, vença.
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O Ornitorrinco Deselegante pede a palavra para reafirmar o vem dizendo faz já muito tempo: Silas Malafaia é uma ameaça concreta à vida, ao progresso, à fraternidade, à tolerância. Este enganador joga e aposta todos os dias contra cada homem, cada mulher, cada ser humano. Mas que fique sempre bem claro que devemos juntar a este notório patife o Edir Macedo, o Waldomiro Santiago, o RR Soares, os padrecos cantores de merda, a renovação carismática dos católicos de merda, as igrejas todas e suas curas e milagres que, sejamos francos, mereceriam sumária abertura de inquéritos policiais. 
Mas devemos também chamar às falas todos aqueles que, bovinamente, aceitam o que dizem estes estelionatários. Eles existem porque vocês permitem, porque vocês pagam as contas deles. Eles existem, cagões em cristo, por conta desta sua fé obtusa.