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Antonina, Litoral do Paraná, Palestine
Petroleiro aposentado e petista no exílio, usuário dos óculos de pangloss, da gloriosa pomada belladona, da emulsão scott e das pílulas do doutor ross, considero o suflê de chuchu apenas vã tentativa de assar o ar e, erguido em retumbante sucesso físico, descobri que uma batata distraída não passa de um tubérculo desatento. Entre sinos bimbalhantes, pássaros pipilantes, vereadores esotéricos, profetas do passado e áulicos feitos na china, persigo o consenso alegórico e meus dias escorrem em relativo sossego. Comendo minhas goiabinhas regulamentares, busco a tranqüilidade siamesa e quero ser presidente por um dia para assim entender as aflições das camadas menos favorecidas pelas propinas democráticas.

domingo, 24 de julho de 2011

Conversa mole para bois babões e cristãos desavisados dormirem

Eu visito o Tijolaço todos os dias

Como enganar o freguês

O Estadão publica agora à noite uma matéria que é um primor na arte de enganar o freguês.
E o texto começa com aquele estilo de abertura de Jornal Nacional:  “Confirmado: o Brasil é mesmo o campeão mundial dos encargos trabalhistas.”.
E, daí por diante, reproduz os dados de uma pesquisa da Fiesp, que mostrariam que, proporcionalmente, os encargos pagos pelas empresas sobre os salários dos trabalhadores no Brasil seriam a fonte da falta de competitividade da indústria brasileira frente aos concorrentes estrangeiros.
Ninguém duvida que essa legislação tem que ser revista e os encargos, em boa parte, devem ser transferidos da folha de pagamentos para o faturamento das empresas, como forma de tornar justa a contribuição social, sem castigar quem emprega muito para faturar relativamente pouco e tributando quem ganha muito sem gerar emprego em quantidade significativa, como o setor financeiro.
Mas a matéria passa longe disso. E é um tal de dizer que se paga mais aqui do que em Taiwan,  na Argentina, na Coreia do Sul e  no México. Seriam 32,4% de encargos, contra uma média de 21,4% nos 34 países estudados.
E, então, um parágrafo que é uma pérola da coleção de “verdades absolutas e indiscutíveis”.
“Apesar de o título brasileiro de campeão mundial já estar consolidado há um bom tempo no debate econômico, faltavam informações sobre a representatividade dos encargos trabalhistas no custo da mão de obra em um conjunto de países.
E aí, o mais chocante: por conta da valorização do real, os nossos encargos subiram, em dólar, de 2004 a 2009, 119,5%. Infinitamente mais que na Coreia, onde subiram 1,2%, medidos na moeda americana.
Que coisa,  não é? A culpa da falta de competitividade é deste malandro, o trabalhador, que tem direitos demais e deste Estado, parternalista, que foi inventar estas coisas como previdência, FGTS, seguro contra acidentes de trabalho…
Mas aí, no penúltimo parágrafo, quando o freguês já “comprou” a história e “já foi embora” da reportagem, dizendo  que “este país não tem jeito”, vem o dado que revela toda a “armação”.
É que os encargos trabalhistas no Brasil, mesmo sendo proporcionalmente altos, incidem sobre os salários muito baixos que são pagos aos nossos trabalhadores. E que no “campeão” dos encargos trabalhistas, eles custam menos da metade (US$ 2,70 a hora) do que a média dos 34 países pesquisados, que é de US$ 5,80 a hora.
- Ué, mas se pagamos menos da metade, em dólar, como é que podem ser os encargos a razão de nossos produtos custarem mais, no mesmo dólar? – pergunta o cordeiro ao lobo.
Irrelevante, diz o lobo. Vocês, trabalhadores, são os culpados de tudo.

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