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Antonina, Litoral do Paraná, Palestine
Petroleiro aposentado e petista no exílio, usuário dos óculos de pangloss, da gloriosa pomada belladona, da emulsão scott e das pílulas do doutor ross, considero o suflê de chuchu apenas vã tentativa de assar o ar e, erguido em retumbante sucesso físico, descobri que uma batata distraída não passa de um tubérculo desatento. Entre sinos bimbalhantes, pássaros pipilantes, vereadores esotéricos, profetas do passado e áulicos feitos na china, persigo o consenso alegórico e meus dias escorrem em relativo sossego. Comendo minhas goiabinhas regulamentares, busco a tranqüilidade siamesa e quero ser presidente por um dia para assim entender as aflições das camadas menos favorecidas pelas propinas democráticas.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Utilidade pública: como reconhecer um candidato falso

Não se deixe enganar
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Urariano Motta

Com a inestimável ajuda do Banco Central, divulgo a informação de como o eleitor pode identificar um candidato falso. Ele, o candidato, assim como as notas em circulação no Brasil, deve ter:

Marca d´água
Assim como às  notas brasileiras se recomenda, “segure a cédula contra a luz, olhando para o lado que contém a numeração. Observe na área clara, do lado esquerdo, a marca d´água em tons que variam do claro ao escuro”, ao candidato falso não se deve bem suspendê-lo contra a luz pelas orelhas, para que deixe de mentir e ser cínico. Não. Isso é uma inútil e inusitada violência. Para o eleitor despertar para a falsidade, basta ver se o candidato possui número 45, e se, do seu lado esquerdo, existe a marca d’água do que fez quando esteve no poder. Nas cédulas verdadeiras de 100 reais, por exemplo, a marca d´água é a figura da República. Nas cédulas falsas, há duas cabeças, de dois professores por sala de aula.      

Registro coincidente
Nas cédulas reais, “olhando a nota contra a luz, o desenho das Armas Nacionais impresso em um lado deve se ajustar exatamente ao desenho semelhante do outro lado”.
Sempre contra a luz, entendam, não é contra o Luz para Todos. Contra a luz é fazer com que na cédula fiquem iluminadas as imagens que não se mostram contra a sombra. Se nas cédulas verdadeiras se mostram a estrela das Armas Nacionais, no falso se insinuam as Armadas Forças Nacionais, de 1964. É mais que falso, é fria. 

Fio de segurança
Diz a clara informação do Banco Central que deve aparecer o “Fio vertical de cor escura embutido no papel, mais facilmente visível com a nota contra a luz, com propriedades magnéticas, que serve para leitura por equipamento eletrônico de seleção e contagem”. No real, o Fio é Maravilha. No falso, é um Frio de Segurança.
A saber: com a cara contra a sombra aparece uma pessoa amável, cordial, bom homem, católico e cristão. Por trás, o norte e patrão: “tudo pela vitória”. E vêm, como se não fossem dele, panfletos com calúnias, obscenos boatos, mentiras,  canalhice, traições. Há que se pôr o candidato falso contra a luz, sempre. 

Numeração
Nada mais simples, como informa o Banco Central: “São as letras e os números que identificam a cédula. Não podem existir duas cédulas de mesma numeração”. Mas como compará-las, se, na vida prática, o pobre não tem duas cédulas de dinheiro igual para comparar, e se na política o candidato falso não quer ser comparado nunca? Simples. Este é o norte e o guia para todo eleitor: onde houver 45 é falso.

Marca tátil
Esta é a menos clara e evidente instrução, porque táteis são as “marcas impressas em relevo para auxiliar os deficientes visuais a identificar a cédula”. A chave da frase são duas: “em relevo” e  “auxiliar os deficientes visuais”. Na primeira, para as notas de 100, a marca tátil são três elipses. E elipses, no caso, não são bem o que se oculta, mas três círculos estreitados, como se fossem três ovos postos por ânus elipsoidais. A propaganda do falso quer nos deixar a todos como deficientes, da vista ou do entendimento. Por isso, tente pegá-lo no sorriso: verá algo mais falso que um ovo oval posto por ânus elipsoidal.

Importante
E conclui o aviso e esclarecimento do Banco: “As notas falsas não são trocadas pelo Banco Central ou pelo governo. O dinheiro suspeito pode ser apresentado, para exame, diretamente no Banco Central ou por intermédio dos bancos”. Terrível, não? Com o dinheiro, quem contrair uma cédula falsa amarga o prejuízo ou vira bandido. Mas na política é pior: quem votar no candidato falso, terá a amargura do  sofrimento por  quatro longos anos, além de virar cúmplice de uma campanha bandida e ordinária. Que fazer? Que fazer para não cair no conto do vigário que promete altos salários, reajustes extras para os aposentados e décimo terceiro para o Bolsa Família? 
Simples, digamos. Nas cédulas reais, está escrita a frase que os pobres sempre exclamam quando conseguem uma nota: “Deus seja louvado”! No candidato falso, com o sorriso que é uma denúncia de falsidade, tem a frase: “Em Serra eu confio”.

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